Música, filosofia e transcomplejidade:
uma conjunção entre o homem,
a melodia, o pensamento e a realidade
Música, filosofía y transcomplejidad:
una conjunción entre hombre, melodía,
pensamiento y realidad
* Dr. em Educação. Metropolitan International University. Diretor de Assuntos Acadêmicos. Email: gregth-
hernandez@gmail.com
Como citar: Hernández, B. G. R. (2024). Música, filosofía e transcomplejidade: uma conjunção entre
o homem, a melodia, o pensamento e a realidade. Revista Digital de Investigación y Postgrado, 5(9),
21-33.https://doi.org/10.59654/e909be83
Gregth Raynell Hernández Buenaño*
https://orcid.org/0000-0002-4525-5774
Caracas / Venezuela
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Recebido: Junho/22/2023 Revisado: Julho/7/2023 Aceito: Agosto/21/2023 Publicado: January/10/2024
Revista Digital de Investigación y Postgrado, 5(9), 177-184
ISSN electrónico: 2665-038X
https://doi.org/10.59654/e909be83
Resumo
Este documento pretende evidenciar a relação entre a música e o pensamento, duas formas
de arte e expressão, que se orientam no desenvolvimento de um equilíbrio entre ciência,
arte, lógica e emoção, demonstrando a necessidade do ser humano em manter uma visão
integral e transcendental sobre seu contexto. Ele tenta conceber uma percepção profunda e
integradora da realidade. Com o surgimento da transcomplexidade, o homem se depara
com a possibilidade de construir uma visão aberta, reflexiva e integradora do seu ambiente,
com a intenção de resignificar sua percepção da realidade de uma forma flexível e inacabada.
No entanto, no estudo filosófico da música, ela tem mostrado desde o início alguns aspectos
que a transcomplexidade tem oferecido ao homem na contemporaneidade. Será que a mú-
sica é um precedente do códex transcomplexo? Sua natureza filosófica permite vislumbrar
uma relação complexa e integradora do homem e seu ambiente? A música é o início do des-
pertar gestáltico? Por isso, o autor utiliza uma jornada entre música e filosofia, buscando su-
perar as fronteiras clássicas na sua apreciação e estudo, demonstrando sua importância no
contexto da transcomplexidade em sua tentativa de construir novas representações para ver
a vida e resignificar a realidade.
Palavras-chave:
Música, filosofia e transcomplexidade.
Resumen
El Presente documento, pretende evidenciar la relación entre la música y el pensamiento, dos
formas de arte y expresión, que se orientan en desarrollar un equilibro, entre la ciencia, el
arte, la lógica y la emoción, que demuestran la necesidad del hombre en sostener una visión
integral y trascendental sobre su contexto, en un intento de concebir una percepción profusa
e integradora de la realidad. Con el surgimiento de la transcomplejidad, el hombre se en-
cuentra ante una posibilidad de construir una visión abierta, reflexiva e integradora de su en-
torno, con la intención de resignificar su percepción de la realidad desde una postura flexible
e inacabada. No obstante, en el estudio filosófico de la música, esta nos ha demostrado desde
sus inicios algunos aspectos que la transcomplejidad ha proporcionado al hombre en la con-
temporaneidad. Por lo que ¿será la música un precedente del códex transcomplejo? ¿Su na-
turaleza filosófica permite vislumbrar una relación compleja e integradora del hombre y su
entorno? ¿La música es el principio del despertar gestáltico? Por ello, el autor se vale de un
recorrido entre música y filosofía, buscando superar las fronteras clásicas en su apreciación y
estudio, demostrando su importancia en el plano de la transcomplejidad en su intento de
construir nuevas representaciones para ver la vida y resignificar la realidad.
Palabras clave: Música, filosofía y transcomplejidad
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Gregth Raynell Hernández Buenaño
© 2024, Instituto de Estudios Superiores de Investigación y Postgrado, Venezuela
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Pensamento e melodia: dois lados da mesma moeda
Desde o início da humanidade, a música tem sido uma expressão primordial da criatividade e
curiosidade do indivíduo. Desde a pré-história, quando o homem nômade via a caça e a coleta
como meios de sobrevivência, até os tempos modernos, em que o homem constrói rotas ou
escadas para se conectar com as estrelas em mais de um sentido, a música sempre esteve pre-
sente. Assim, é uma expressão que, apesar das limitações, falibilidades e defeitos do homem,
é um exemplo notável de sua grandeza.
A música é, assim como o pensamento, uma expressão em constante evolução, resultado de
sua natureza inacabada e adaptativa, um produto de um eterno vai e vem. Ela visa expressar
sentimentos, emoções, situações e outros eventos da realidade. A vida em si representa uma
jornada envolvida em múltiplas melodias e formas de pensar, ambas sendo formas harmônicas
dotadas de seu próprio sentido de beleza e verdade. Elas partem do nascimento e levam a ca-
minhos incertos, envoltos em uma aura de mistério e espiritualidade.
Visto dessa forma, o homem em sua jornada encontra várias melodias e maneiras de pensar.
Cada uma está sujeita a diferentes formas de conceber, interpretar e construir a realidade. Sua
natureza filosófica o impede de aderir a uma forma específica; pelo contrário, aponta para a
multiversalidade, um construto que segue um fio narrativo entre diferentes realidades, impul-
sionado pela diversidade de formas de pensar, sentir e ver. Assim como a filosofia, a música
não se desvia dessa realidade. Ela se concentra em moldar e transformar o ser humano em
várias etapas da vida, com ambas resultando em maneiras de erigir beleza, verdade e singu-
laridade, tudo sob o conceito de harmonia. As primeiras interpretações musicais foram inspi-
radas pela mimese, uma postura que capturava sons e buscava recriá-los, resultando em uma
representação do mundo natural através das capacidades musicais do homem.
É assim que o mundo natural representa para o homem uma base ontológica para entender
certos eventos e fornecer explicações. A partir disso, Pitágoras vê a música como uma ciência
da proporção, que, através de 4 números inteiros ou texturas, oferece uma natureza puramente
matemática e racional, formando o pitagorismo musical.
Nicola (2008) descreve-o como uma
doutrina hermética que baseia o conceito de harmonia e sua presença na natureza de maneira
matemática, impedindo qualquer posição contrária. Essa harmonia permite outras aplicações,
como destaca
Aguilar (2017), para a catarse e a atenção aos 4 humores, aspectos que reforçam
sua característica especulativa.
No entanto, apesar dessa aparência instrumental e/ou especulativa, é evidenciada uma parcela
da realidade onde a música não segue totalmente uma fundamentação matemática. Embora
tenha um caráter racional, ela também tem um caráter sensível e até cultural, prevendo novas
maneiras de visualizá-la e interpretá-la. Além da música, a partir do mundo natural, o homem
concebeu um conjunto de ciências chamadas naturais ou exatas que, baseadas na explicação
ou "Erklaren", formulam uma relação causa-efeito, uma lógica formal que, através da objetivi-
dade, determinismo e verificação, estabelece mecanismos rigorosos para estudar a realidade.
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No entanto, isso se mostra ineficiente para estudar realidades que requerem conceitos basea-
dos em inter-relações, integrações que mantêm relações alternativas à linearidade, em resposta
à sociedade.
Do ponto de vista musical, essa insuficiência foi observada, pois a mimese não deve se con-
centrar apenas na recriação do mundo natural sob o esquema matemático. O conceito de har-
monia envolve um estado dialógico entre diferentes contextos, realidades, percepções,
sugerindo alternativas para recriar a natureza, envolvendo a manifestação do desenvolvimento
sociocultural em diferentes contextos, gerando construtos emergentes em face destas repre-
sentações.
Essa nova sensibilidade estimula novas criações, onde a melodia não só busca explicar o mundo
natural, mas também representar e até criticar tecidos com maior articulação e interação entre
as partes, como a sociedade, cultura e até a interioridade do ser, fortalecendo o estudo dessa
quinta essência. O estudo desta quinta essência, visto da interioridade do ser e da música, im-
plica entender que o ser humano é um ser vibrante, isto é, ressoa em certas situações, ideias
e sentimentos. Sugere-se então a presença de um tom interior, um som, uma expressão me-
lódica que o homem exterioriza em sua vida cotidiana ao longo de sua vida, da mesma forma
que ele tem uma forma de pensar e até uma filosofia própria. Dessa perspectiva, a música pre-
viu certas transformações epistêmicas que, no contexto da ciência e da filosofia, se manifesta-
ram, como o desenvolvimento da lógica.
A lógica clássica baseia-se em preceitos positivistas restritivos, ao ponto de se tornarem dog-
máticos, como as primeiras impressões pitagóricas da arte do som ou música. A lógica dedutiva
linear herda os princípios de identidade, de não contradição, do terceiro excluído e até mesmo
de alguns postulados euclidianos. A sua natureza é descrita por
Martinez (2015) como aquela
que guia a mente para fazê-la ver, demonstrando que um teorema ou proposição determinada
está implícito nos axiomas, postulados ou princípios fundamentais, aceitando como base aque-
les que são evidentes por si só e não precisam ser provados.
Por outro lado, o mesmo autor refere-se à lógica indutiva linear como aquela com uma abor-
dagem oposta, que generaliza a partir de observações específicas para uma conclusão geral,
também vista como universal. Este esquema lógico prevaleceu notavelmente no estudo da re-
alidade. No entanto, assim como sua contraparte musical, observou-se certa deficiência, devido
ao seu caráter parcialmente irreal, especialmente em situações associadas à sociedade e suas
estruturas. Onde a lógica linear, nem unidirecional nem causal, são suficientes para a entender,
pois várias características intervêm, proporcionando um dinamismo que o positivismo não per-
cebeu.
A esse respeito, autores como
Merleau-Ponty (1976) destacam que o estudo dessas estruturas
não pode ser determinado de fora, pois não se originam do físico; baseiam-se numa rede de
relações e integrações que, mais do que serem conhecidas, são vividas e precisam ser com-
preendidas. É aqui que o "verstehen" emerge. Deste ponto de vista, a realidade é estudada a
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partir do emergente, uma posição que envolve uma lógica dialógica ou dialética, onde todas
as partes são vistas do todo e vice-versa. Autores como
Dilthey (1976) destacam a importância
de um processo interpretativo que reconhece as partes num ciclo repetitivo, também conhecido
como hermenêutico.
Nesta linha de pensamento, a natureza humana obedece a uma lógica hermenêutica, onde se
busca o significado de diversas situações através de uma interação dialética ou movimento do
pensamento, envolvendo relações ontoepistêmicas emergentes. A música segue esta natureza
e, através da harmonia, procura manter uma relação entre sons, ritmos, melodias, psique,
mente, entre outros, através de um todo, possibilitado pelo pensamento dialógico.
A harmonia, na música, ou a hermenêutica na filosofia, representam duas faces da mesma
moeda. Elas se baseiam na necessidade do homem de manter uma lógica integrativa e reflexiva
com a possibilidade de construir novos significados, partindo de um diálogo frutífero dotado
de profunda reflexividade, complementaridade e recursividade. Ambas as posturas, atualmente,
sustentam um relativismo que se aproxima do passado, evidenciando um neo-renascimento
do pensamento grego e outras formas de pensar, todas focadas em incitar um estado de cons-
ciência, um despertar gestáltico que permite ao homem construir novas interpretações sobre
a realidade e redefinir as existentes.
Transcomplexidade: uma orquestra entre melodia e pensamento
Até agora, a música tem sido usada pelo homem para recriar o mundo natural, interpretar o
tecido sociocultural e até criticar o caminho da humanidade. No entanto, devido à sua natureza
harmônica, a música concentra-se na busca pelo todo, reconectando-se com princípios, fun-
damentos, disciplinas e outras representações através da maravilha e curiosidade, e no processo
tece um caminho superior às lógicas convencionais que gera mais perguntas e respostas, im-
pulsionado pela incerteza e múltipla natureza da realidade.
Essa busca pelo todo também é observada no desenvolvimento humano e em seu debate
entre explicação, compreensão e crítica; não se trata de parcelar a realidade ou de focar apenas
nas relações internas de um contexto, mas de enfatizar a transcendência. Em outras palavras,
incentiva uma abordagem que deve superar e se inclinar para a transdisciplinaridade, onde di-
ferentes disciplinas se relacionam, borrando as barreiras paradigmáticas e incitando um estado
de consciência, ou seja, um despertar transcendental para a soma de suas partes.
Nesta linha de pensamento, surge a transcomplexidade, um estado de consciência que permite
ao indivíduo ver relações entre diferentes disciplinas e guiar explicações, compreensões e crí-
ticas, todas imersas na realidade, fornecendo uma visão integral do homem e de seu ambiente.
O que é descrito se concentra em superar, de acordo com
Martínez (2017), o realismo ingênuo,
rompendo com o sufocamento reducionista e entrando em uma lógica sistemática, integral e
ecológica, ou seja, em uma consciência universal e integradora que defende novas maneiras
de construir ciência. Mas como se visualiza a transcomplexidade na música?
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A transcomplexidade na música destaca diferentes maneiras de escrever, descrever, interpretar
e ensinar música, entendendo que não existe apenas uma percepção ou gênero. Existem dife-
rentes tradições com características divergentes de composição e interpretação que, através
da interação dialógica, podem resultar em novas manifestações musicais alternativas ao cânone,
sem se limitar ao racional, cultural, emocional ou espiritual.
Da mesma forma, a transcomplexidade, ao fortalecer as conexões com o passado sob um re-
lativismo suave, busca uma renovação do pensamento clássico como se fosse um movimento
neorrenascentista, expandindo a percepção de certos conceitos e inter-relações no tecido social,
borrando as barreiras disciplinares. Um exemplo vem das aplicações médicas desenvolvidas
por
Sacks (2009), onde a música é implementada em abordagens médicas e psiquiátricas como
um fator de estímulo cerebral e, de neurociência, são observados efeitos benéficos na neuro-
plasticidade, envolvendo novas sinergias no homem sem distinção entre ciência e arte. Esta
percepção aparentemente nova é uma reconexão com a tradição grega, onde filósofos como
Platão a reconheciam como um alívio para a alma, uma forma de catarse e até mesmo um
meio de abordar certos comportamentos e doenças ligadas ao corpo.
O exposto destaca várias relações dialógicas entre ciência e artes, alimentando-se de diferentes
tecidos disciplinares até resultar em uma expressão transcomplexa. A transcomplexidade, em
conjunto com a música e a filosofia, deve orientar os caminhos no homem através de vestígios
de maravilha, uma jornada em que a busca consciente pelo conhecimento se estende por inú-
meros princípios, fundamentos, pensamentos e paradigmas, imersos em múltiplas visões de
mundo em constante construção e desconstrução. Isso não envolve apenas uma jornada pela
realidade externa, mas também reconhece a realidade interna, caracterizada como aquela vi-
bração ou filosofia pessoal, aquela visão de mundo recursiva, inacabada e reflexiva que, como
a realidade, permanece em constante evolução, tornando a transcomplexidade uma ponte
entre ambas as facetas da realidade.
Nesse sentido, a música e a filosofia são maneiras de entender, aprofundar e interpretar a re-
lação entre o homem e a realidade, tudo sob o halo transcomplexo, gerando aquele estado
consciente e gestáltico que traz à luz o ser interior e expõe nuances ocultas imersas no espectro
da incerteza. Este estado de consciência é uma oportunidade para se desapegar dos métodos
consagrados e envolver novas maneiras de mergulhar na incerteza. Na música, trata-se de
virar a criatividade além da lógica ou do sentimento, trata-se de manter a consciência, se de-
sapegar dos métodos existentes e, como indica
Aguilar (2017), desenvolver uma ideia e, no
processo, construir uma estrutura em torno dela que obedeça a uma relação dialética entre o
homem, suas facetas e múltiplas realidades, afastando-se da tradição existente.
Em termos de pesquisa, a filosofia permitiu argumentar que a ciência não se refugie no conforto
metodológico que, sob fórmulas, limita a geração de novas ideias e até prevê práticas criativas
antes que elas tenham começado. A lógica que sustenta é baseada no desenvolvimento do
pensamento através da liberdade, exploração dialógica, complementaridade e reflexão contí-
nua, até o ponto de conceber um diálogo frutífero que não ignora o existente, mas tenta re-
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presentar algo novo a partir de rotas desconhecidas.
Ambas as percepções demonstram o substrato transcomplexo baseado na reflexão, relações
sinérgicas, complementaridade, lógica dialética contínua e no reconhecimento de uma realidade
mutante, inacabada e incerta com mais perguntas do que respostas, reconhecendo o interesse
na curiosidade e maravilha que dá lugar a novas possibilidades, algo que a harmonia da filosofia
e da música já experimentou anteriormente. Dessa forma, é evidente que, como ciência e pes-
quisa, há outras experiências como música e filosofia que convidam o homem a constante-
mente mutar, adaptar, em outras palavras, a permanecer em movimento entre melodia e
pensamento.
Uma melodia reflexiva, um pensamento como conclusão
A filosofia e a música representam, cada uma a partir de sua própria perspectiva, a necessidade
da humanidade de evoluir e incitar um estado de consciência que permite o estabelecimento
de relações contínuas, sinérgicas, complementares e recursivas sob o halo de uma lógica dia-
lógica e integradora com a realidade. Tais fatos permitem o estabelecimento de um estado de
consciência, chamado de "transcomplexo", que possibilita a conexão, redimensionamento e re-
definição de múltiplos conceitos, teorias e posições, resultando em novas maneiras de ver e
reinterpretar a realidade em sua constante construção e desconstrução. Este último aspecto é
motivado por sua natureza mutável e inacabada.
Estudar música envolve uma jornada pelas ciências, outras artes e filosofia, não apenas com a
intenção de enriquecer a narrativa e suas composições, mas para permanecer alerta às mu-
danças ambientais. Enquanto isso, a filosofia é um convite ao encantamento, curiosidade, ques-
tionamento e aprendizado contínuo sob um amor pelo conhecimento. Dessa forma, a arte do
som e do pensamento compartilham a busca e construção comuns da perfeição emocional,
entendendo a realidade e guiando-se através de vestígios de encanto e harmonia presentes
numa realidade incerta.
O mencionado permite refletir sobre como outras experiências humanas, inconscientemente,
evoluíram e se concentraram em rotas baseadas em transcomplexidade. Esse fato consolida a
necessidade de novas relações entre ciências e artes que aderem à realidade numa tentativa
de aprofundar sua compreensão fugaz sobre ela. A transcomplexidade deve promover e man-
ter essa consciência ética e ecológica que expõe a relação entre o indivíduo e sua realidade,
ambos imersos no espectro da incerteza.
É neste contexto que os seres humanos podem capturar a beleza em várias expressões e con-
ceber novos caminhos para a busca do conhecimento. Como músicos, filósofos, pesquisadores
e seres humanos, conectam o cosmos interno ao externo, mediando entre o macro e micro
cosmos vibracional através dessa relação harmônica, ética e estética.
Essas relações são contrárias ao dogmatismo, ao pensamento hermético e ao desenvolvimento
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unidisciplinar. O objetivo é estabelecer uma relação transcomplexa, dado que a música não é
governada por uma lógica linear, indutiva ou dedutiva. Ela pode transmitir e criar, em um ins-
tante para o indivíduo, uma constelação de conceitos, indo além deles para envolver senti-
mentos e situações, demonstrando sua capacidade de ressoar com várias experiências
humanas.
A música e a filosofia são os precedentes que a transcomplexidade utiliza para convidar os
seres humanos a navegarem eticamente entre ciência e arte, através da harmonia vista como
uma expressão dialógica conciliatória entre posições aparentemente antagônicas, reconciliando
a vibração da realidade com a ressonância interna do indivíduo. Por isso, as novas gerações
devem englobar músicos, filósofos, artistas, cientistas, homens de fé e ciência, em outras pa-
lavras, todas as facetas que proporcionam maior discernimento e reflexão sobre a realidade, já
que a vida é melodia e transmite pensamentos e ideias, e a verdadeira filosofia é uma orquestra
nascida do ser. A transcomplexidade é a consciência que orquestra e liga todos os nossos pen-
samentos e realidades através da harmonização entre aprender e maravilhar-se.
Referências
Aguilar, A. (2017). Filosofía y Música. Universidad Panamericana.nhttps://www.youtube.com/
watch?v=zYXWmqwILY8
Dilthey, Q. (1976). The Rise of hermeneutics, in P. Connerton (Dir), Critical sociology, Penguin.
Martínez, M. (2015). Epistemología y metodología en las ciencias sociales. Editorial Trillas.
Merleau-Ponty, M. (1976). Fenomenología de la percepción. Editorial Península.
Nicola, U. (2008). Atlas Universal de Filosofía. Manual Didáctico de autores, textos, escuelas y
conceptos filosóficos. Editorial Océano.
Sacks, O (2009). Musicofilia: relatos de la música y el cerebro. Editorial Knopf.