Relação entre orientação vocacional e
inteligências múltiplas: uma perspectiva
científica inseparável
Relación entre orientación vocacional e inteligencias
múltiples: una perspectiva científica inseparable
* Mestre em Tecnologias Digitais Aplicadas à Educação. Professor do ensino fundamental e médio na área de tecnologia
e informática no município de Girón, Santander. Email de contato: carlos.vesga30@gmail.com
** Mestre em Tecnologias Digitais Aplicadas à Educação. Professor de todas as áreas no ensino fundamental no município
de Bucaramanga, Santander. Email de contato: katycada@gmail.com
*** Mestre em Gestão da Tecnologia Educacional. Professor do ensino fundamental na área de inglês. Professor do
ensino fundamental na área de inglês no município de Girón, Santander. Email de contato:
edilsaflorezzambrano@gmail.com
Como citar: Vesga, G. C. A., Ramírez, J. K. J. e Flórez, Z. E. (2024). Relação entre orientação vocacional
e inteligências múltiplas: uma perspectiva científica inseparável. Revista Digital de Investigación y
Postgrado, 5(9), 131-143. https://doi.org/10.59654/c3bbwe78
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Katherine Johana Ramírez Jiménez**
https://orcid.org/0009-0005-3327-3704
Bucaramanga, Santander / Colombia
Carlos Andrés Vesga Galvis*
https://orcid.org/0009-0004-5034-3658
Bucaramanga, Santander / Colombia
Edilsa Flórez Zambrano***
https://orcid.org/0009-0008-6435-7662
Bucaramanga, Santander / Colomb
ia
Revista Digital de Investigación y Postgrado, 5(9), 131-143
ISSN electrónico: 2665-038X
Recebido: Julho/28/2023 Revisado: Agosto/14/2023 Aceitado: Novembro/27/2023 Publicado: January/10/2024
https://doi.org/10.59654/c3bbwe78
© 2024, Instituto de Estudios Superiores de Investigación y Postgrado, Venezuela
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Carlos Andrés Vesga Galvis, Katherine Johana Ramírez Jiménez e Edilsa Flórez Zambrano
Resumo
O artigo aborda a relação entre orientação vocacional e inteligências múltiplas. As pessoas
podem experimentar e explorar diferentes opções e trajetórias profissionais, o que envolve re-
alizar pesquisas, conversar com pessoas que trabalham em diversas indústrias, realizar estágios
ou práticas profissionais e participar de atividades de desenvolvimento pessoal e profissional.
É crucial que as atividades e decisões tomadas durante esse processo estejam alinhadas com
os objetivos e metas do estudante, gerando um senso de coerência e propósito em sua jornada
de desenvolvimento. No entanto, na maioria das vezes, essa responsabilidade é deixada nas
mãos dos estudantes. Professores, conselheiros ou orientadores nas instituições educacionais
fazem pouco esforço para desenvolver uma orientação que prometa melhores resultados aos
estudantes no momento de escolher sua carreira universitária. Nesse sentido, o artigo analisa
a orientação vocacional a partir da perspectiva de diferentes teorias e como é possível alcançar
um propósito mais eficaz considerando a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner
em relação à orientação e escolha vocacional. Por fim, são mencionados alguns recursos prá-
ticos para a tomada de decisões educacionais.
Palavras-chave: Orientação vocacional, escolha vocacional, teorias substantivas, inteligências múltiplas.
Resumen
El artículo trata sobre la relación entre la orientación vocacional y las inteligencias múltiples.
Las personas pueden experimentar y probar diferentes opciones y caminos profesionales, lo
que implica realizar investigaciones, hablar con personas que trabajan en diferentes industrias,
realizar pasantías o prácticas profesionales, y participar en actividades de desarrollo personal y
profesional. Es necesario que las actividades y decisiones tomadas durante este proceso estén
en consonancia con los objetivos y metas del estudiante, de manera que se genere un sentido
de coherencia y propósito en su camino de desarrollo. Sin embargo, la mayoría de las veces
esta responsabilidad se deja en manos de los estudiantes. Los docentes, consejeros u orienta-
dores de las instituciones educativas poco esfuerzo hacen por desarrollar una orientación que
augure mejores logros en los estudiantes al momento de elegir su carrera universitaria. En este
sentido el artículo analiza la orientación vocacional desde la perspectiva de diferentes teorías
y como se puede lograr un mejor propósito si se considera la teoría de las inteligencias múltiples
de Howard Gardner en relación con la orientación y elección vocacional. Finalmente, se men-
cionan algunos recursos prácticos para tomar decisiones educativas.
Palabras clave:
Orientación vocacional, elección vocacional. Teorías sustantivas, inteligencias múltiples.
Introdução
A escolha de uma carreira é uma das decisões mais importantes que uma pessoa pode tomar em
sua vida. No entanto, muitas vezes essa escolha é feita sem levar em consideração as habilidades e
aptidões de cada indivíduo, o que pode levar à insatisfação no trabalho e na vida pessoal. É por isso
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que a orientação vocacional se tornou uma ferramenta fundamental para ajudar as pessoas a descobrir
qual atividade ou profissão lhes proporciona maior satisfação e realização pessoal. Nesse contexto, a
teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner ganhou grande relevância, pois reconhece que
cada indivíduo possui pontos fortes e habilidades únicas que devem ser considerados ao escolher
uma carreira. Este artigo explora a relação entre a orientação vocacional a partir de diversas teorias,
como a das inteligências múltiplas, e apresenta algumas ferramentas práticas para tomar decisões
educacionais informadas.
Orientação vocacional
A orientação vocacional é um processo fundamental na vida de todo indivíduo, pois implica
um conhecimento profundo de si mesmo para descobrir qual é a atividade ou profissão que
nos gera maior satisfação e realização pessoal. Antes de nos aprofundarmos nesse processo,
é essencial compreender o que é a vocação em si mesma.
O termo "vocação" provém do latim vocare, que significa "chamado" ou "ação de chamar".
Nesse sentido, a vocação refere-se à inclinação de um sujeito para uma ação ou atividade de-
terminada, na qual aspira a alcançar um grau máximo de realização. Essa inclinação pode ser
de natureza artística, profissional ou laboral, constituindo-se como uma força interna que nos
impulsiona a focar em um objetivo específico.
D'Egremy (2022, p.7) define a vocação como "la disposición particular de cada individuo para
elegir la profesión u oficio que desea estudiar y ejercer, de acuerdo con sus aptitudes, caracterís-
ticas psicológicas, físicas y motivaciones". Nesse sentido, o processo de escolha de carreira e
desenvolvimento profissional é fundamental na vida de uma pessoa, pois a escolha de uma
carreira ou profissão pode ter um impacto significativo em sua satisfação no trabalho, desen-
volvimento pessoal e bem-estar geral. É importante escolher uma carreira que esteja alinhada
aos interesses, habilidades e valores de cada indivíduo, contribuindo assim para seu sucesso e
felicidade no âmbito laboral.
A orientação vocacional desempenha um papel-chave nesse processo, fornecendo ferramentas
e recursos para que as pessoas possam explorar e conhecer a si mesmas, identificar suas fortalezas
e fraquezas, e compreender seus interesses, valores e metas profissionais. Além disso, a orientação
vocacional proporciona informações sobre diferentes opções de carreira, tendências no mercado
de trabalho, requisitos educacionais e oportunidades de desenvolvimento profissional.
A orientação vocacional também ajuda as pessoas a superarem dúvidas, indecisões ou medos
que possam surgir durante o processo de escolha de carreira. Ela oferece um espaço seguro e
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a disposição particular de cada indivíduo para escolher a profissão ou ofício que deseja estudar e exercer, de
acordo com suas aptidões, características psicológicas, físicas e motivações.
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confidencial para que as pessoas possam expressar e explorar suas inquietações, recebendo
apoio e orientação.
No entanto, de acordo com
Vidales (2013), existem outras perspectivas que se concentram na
experiência de bem-estar associada à atividade desempenhada, ou seja, ser conduzido a um
propósito ou destino. Nesse sentido, estar vocacionalmente situado implica realizar o trabalho
de maneira prazerosa, interessada e eficiente, proporcionando alegria, amabilidade e atenção
àqueles com quem se trabalha ou oferece um serviço profissional.
Adicionalmente, de acordo com o
Ministério de Educação do Peru (2013), a vocação é um pro-
cesso que se inicia desde as primeiras etapas do desenvolvimento das crianças, por meio da
compreensão de seu ambiente, da diversidade de jogos e explorações que influenciam sua fu-
tura vocação. Esse processo envolve a formação de valores, o desenvolvimento de identidade,
autoestima e personalidade, bem como a descoberta de capacidades apropriadas. Dessa
forma, a vocação se entrelaça com as oportunidades e limitações da realidade.
Importância da orientação vocacional no processo de escolha de carreira
A orientação vocacional desempenha um papel fundamental no processo de escolha de ca-
rreira, ajudando os indivíduos a tomarem decisões informadas sobre seu futuro acadêmico e
profissional. Em correspondência ao exposto, é importante mencionar que a escolha vocacional
é um processo complexo que envolve a consideração de vários fatores internos e externos. Em
primeiro lugar, os interesses e habilidades de uma pessoa desempenham um papel fundamental
na escolha de uma profissão. É importante que o indivíduo se sinta atraído e tenha habilidade
para realizar as tarefas e atividades associadas à carreira que escolhe. Além disso, os valores e
a personalidade também devem ser considerados, pois uma profissão deve estar em linha com
os princípios e a forma de ser da pessoa.
Heppner et al. (1994) enfatizam a importância dos in-
teresses, habilidades e valores sociais na escolha vocacional.
Sin embargo, estos factores internos no son los únicos que influyen en la elección voca-
cional. También se ven afectados por factores externos, como el género y el nivel socioe-
conómico. Estereotipos profesionales y expectativas culturales pueden limitar las opciones
profesionales de una persona, especialmente en sociedades donde ciertas carreras son
consideradas más apropiadas para hombres o mujeres.
Ducoing (2005) afirma que son de
especial relevancia el género, el nivel socioeconómico y los estereotipos profesionales arrai-
gados en la sociedad. Además, el nivel socioeconómico puede influir en la posibilidad de
acceder a determinadas profesiones, ya que algunas requieren de una inversión económica
significativa.
González e Lessire (2005) agregan a la lista de influencias determinantes el
género, el origen socioeconómico, así como las presiones ejercidas por el entorno familiar
y las amistades cercanas.
La elección vocacional también tiene como objetivo encontrar una profesión en la que una
persona pueda desarrollarse plenamente y aprovechar al máximo sus habilidades y talentos.
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Es importante que una persona encuentre una carrera que le permita expresarse y crecer tanto
personal como profesionalmente. Además, es necesario considerar la demanda y la cabida en
la población económicamente activa. No tiene sentido elegir una profesión en la que haya poca
demanda o pocas oportunidades de empleo, ya que esto podría dificultar el desarrollo laboral
y tener consecuencias negativas en la vida económica de la persona. Los estudios De Garay
(2001)
. Asimismo, De La Mano e Moro (2013) han reportado que las metas personales, profe-
sionales y académicas de los estudiantes desempeñan un papel significativo en esta elección.
Existen estudios que le asignan gran importancia a la orientación vocacional en la elección
de carrera. De esta manera, Yamada e Castro (2013), han encontrado que un alto porcentaje
significativo de egresados de la educación superior muestran su arrepentimiento de la deci-
sión que tomaron para ingresar a una carrera universitaria. Por su parte,
Quispe (2014) se re-
fiere a la importancia de una elección acorde a la orientación vocacional de cada individuo,
estos sería una manera evitar y prevenir descontento y frustración a futuro en los estudian-
tes.
Teorias e abordagens relevantes para desenvolver a orientação vocacional
Existem várias teorias e abordagens relevantes no campo da orientação vocacional. Algumas das mais
destacadas são:
Teoria do desenvolvimento de carreira: Segundo a teoria proposta por Donald Super,
o processo de escolha vocacional ocorre ao longo da vida e é influenciado por diversos
fatores, como personalidade, interesses, habilidades e ambiente socioeconômico.
Super
(1968)
sustenta que o desenvolvimento profissional é dividido em duas etapas: a fase
de crescimento e a fase de exploração.
Na fase de crescimento, que abrange desde o nascimento até os 14 anos, ocorre a ex-
ploração, busca de informações e identificação. Durante esse período, as pessoas pro-
curam referências em figuras significativas do seu ambiente, como escola, família e
comunidade, entre outras. Essas figuras desempenham um papel importante na des-
coberta de informações sobre si mesmas e no desenvolvimento do conceito do Eu.
Nessa fase, as preferências ocupacionais estão mais relacionadas às necessidades emo-
cionais da pessoa e não tanto às suas aptidões e interesses profissionais. Além disso,
essas preferências tendem a mudar com o tempo.
Em relação à fase de exploração, refere-se ao processo de pesquisa e descoberta de
interesses, habilidades, valores e personalidade de uma pessoa. Esta etapa é parte do
modelo de desenvolvimento de carreira proposto por Super, que também inclui as fases
de crescimento, estabelecimento, manutenção e declínio.
Durante a fase de exploração, as pessoas geralmente têm a oportunidade de experi-
mentar e testar diferentes opções e caminhos profissionais. Isso envolve pesquisa, con-
versas com pessoas que trabalham em diferentes setores, estágios ou práticas
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profissionais, e participação em atividades de desenvolvimento pessoal e profissional.
Pesquisadores como
Morán et al. (2012) afirmam que essa fase ocorre entre os 15 e 24
anos. Nela, os indivíduos testam comportamentos provenientes da fase anterior, e o de-
sempenho de papéis na fantasia e na realidade se conjugam para tentar cumprir a tarefa
vocacional mais importante da adolescência: definir o problema da escolha. Isso significa
que o adolescente procura afirmar suas habilidades e capacidades, mas também pode
modificar e reajustar o conceito de si mesmo devido ao desempenho de diferentes pa-
péis.
Na Colômbia, a teoria de Super pode ser aplicada para explicar o processo de desen-
volvimento profissional em diferentes estágios da educação. No Ensino Médio, que com-
preende as idades de 11 a 14 anos, os adolescentes se dedicam a descobrir e assimilar
valores, interesses e necessidades. Durante o Ensino Médio, que abrange os 15 a 16
anos, e o Ensino Superior, que vai dos 17 aos 21 anos, os jovens buscam informações
sobre oportunidades educacionais e carreiras universitárias.
Teoria da Motivação: Inicialmente, um de seus impulsionadores foi Maslow. Sua teoria
da hierarquia de necessidades estabelece que as pessoas têm diferentes níveis de ne-
cessidades, que vão desde as mais básicas (fisiológicas) até as mais complexas (auto-
rrealização). Segundo Maslow, as pessoas são motivadas a satisfazer essas necessidades
em ordem hierárquica.
Cano (2008) argumenta que a teoria de Maslow concebe a mo-
tivação a partir de uma abordagem humanista, para a qual ele realizou uma hierarqui-
zação das necessidades humanas que são satisfeitas na ordem mencionada.
A teoria da motivação e a orientação vocacional estão relacionadas no sentido de que
ambas se concentram em compreender e explicar os fatores que influenciam as decisões
e comportamentos das pessoas em relação à sua carreira ou trabalho.
A teoria da motivação refere-se ao estudo dos processos psicológicos que impulsionam
e direcionam o comportamento humano. Ela examina como as necessidades, desejos,
metas e expectativas afetam como as pessoas se sentem motivadas e respondem a di-
ferentes estímulos e situações.
A orientação vocacional, por outro lado, visa ajudar as pessoas a tomar decisões de ca-
rreira informadas e satisfatórias. Isso envolve explorar e compreender as habilidades,
interesses, personalidade e valores individuais, bem como as demandas e oportunidades
presentes no ambiente de trabalho. O principal objetivo da orientação vocacional é au-
xiliar as pessoas a encontrar um trabalho ou carreira que seja congruente com suas ca-
racterísticas e metas pessoais.
Nesse sentido, a teoria da motivação pode ser aplicada na orientação vocacional para
compreender quais fatores motivam as pessoas a escolher uma carreira ou profissão
específica. Por exemplo, alguém pode ser motivado pela busca de sucesso e reconhe-
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cimento, enquanto outro pode ser motivado pela paixão ou pelo desejo de contribuir
para a sociedade. Compreender essas motivações pode ajudar os orientadores a guiar
as pessoas em direção a carreiras que sejam significativas e satisfatórias para elas.
Além disso, a teoria da motivação também pode oferecer ferramentas e estratégias para
promover a motivação e o engajamento no desenvolvimento da carreira. Isso pode in-
cluir estabelecer metas claras, incentivar a autodeterminação e autonomia, fornecer
feedback positivo e criar um ambiente de trabalho que promova a satisfação e o cres-
cimento pessoal.
Vale ressaltar que na orientação educacional é necessário considerar a motivação interna
e externa proposta por McClelland e Atkinson. A relação entre a orientação educacional
e a motivação interna e externa reside no fato de que a orientação educacional pode
influenciar a motivação dos estudantes. A orientação educacional pode ajudar os estu-
dantes a desenvolver uma motivação interna, fornecendo informações, apoio emocional
e recursos práticos para tomar decisões educacionais. Por exemplo, os conselheiros ou
orientadores podem ajudar os estudantes a identificar seus interesses e pontos fortes e
a se conectar com oportunidades educacionais que estejam alinhadas com suas metas
pessoais. Por fim, a orientação educacional também pode influenciar a motivação ex-
terna dos estudantes, oferecendo incentivos e recompensas externas. Por exemplo, a
orientação educacional pode oferecer bolsas de estudo, prêmios ou reconhecimentos
aos estudantes que atingirem determinados objetivos acadêmicos.
Teoria do Modelo de Ativação do Desenvolvimento Vocacional e Pessoal ou dos
Modelos Interativos (MID): Essa teoria foi proposta por Pelletier e se baseia na ideia
de que o desenvolvimento de carreira e a identidade pessoal estão interconectados e
se influenciam mutuamente.
Pelletier (1978) destaca que a escolha vocacional é o resul-
tado de um processo evolutivo que requer uma prática educacional contínua, assim
como a construção de um projeto profissional e pessoal, e uma compreensão das pos-
sibilidades necessárias para realizá-lo.
A premissa central da teoria reside no fato de que o desenvolvimento vocacional e pes-
soal é ativado por meio de três processos principais: (a) Ativação cognitiva: Esse processo
refere-se à aquisição de conhecimentos e habilidades necessárias para tomar decisões
vocacionais e pessoais. Isso inclui o desenvolvimento da autoconsciência, a exploração
de interesses e valores, a aquisição de informações sobre opções de carreira e a avalia-
ção das habilidades pessoais. (b) Ativação motivacional: Nesse processo, busca-se au-
mentar a motivação em relação à carreira e ao desenvolvimento pessoal. Isso implicaria
estabelecer metas claras, criar uma conexão entre as metas pessoais e as metas voca-
cionais e buscar a autoeficácia para alcançar tais metas. (c) Ativação contextual: Esse
processo concentra-se no ambiente e nos recursos disponíveis para o indivíduo. Inclui
o apoio social, as oportunidades de aprendizado, o acesso à informação e as políticas
e práticas organizacionais que podem afetar o desenvolvimento vocacional e pessoal.
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Romero (1994) destaca que a orientação vocacional se divide em quatro fases com
tarefas e habilidades específicas: (a) Fase de Exploração: Durante esta etapa, o indiví-
duo é exposto a novas experiências e informações relacionadas à sua formação. (b)
Fase de Cristalização: Nesta etapa, uma ideia geral do processo de orientação é for-
mada e um possível projeto vocacional é delineado. (c) Fase de Especificação: Neste
momento, o indivíduo enfrenta as possibilidades e limitações, analisando e concreti-
zando seu projeto pessoal. Avalia o que é desejável em relação ao que é provável. (d)
Fase de Realização: Esta etapa envolve comprometimento e responsabilidade diante
da decisão tomada, assim como o planejamento de estratégias para realizar o projeto
estabelecido.
Por outro lado, é importante destacar que o processo de orientação se baseia em três
princípios fundamentais: (a) Princípio Experiencial: De acordo com
Pelletier (1978), o con-
hecimento é adquirido por meio das experiências sensoriais do indivíduo, tornando a
experiência mais relevante do que a informação passiva recebida. A orientação deve
focar em proporcionar um alto nível de experiência. Além disso, segundo
Romero (1994),
este princípio implica considerar atitudes, emoções, necessidades, intenções próprias
ou alheias e valores no processo de orientação. (b) Princípio Heurístico:
Romero (1994)
afirma que este princípio atribui importância à investigação cognitiva ativa do indivíduo
e à sua autonomia como sujeito em processo de escolha. A participação ativa do indi-
víduo permite que ele determine por que é bom para o seu projeto, gerando um sen-
timento de competência e autonomia. (c) Princípio Integrador: Tanto
Pelletier (1978)
quanto Romero (1994) concordam que este princípio implica encontrar sentido nas
ações empreendidas durante o processo de orientação.
Por outro lado, existem três princípios essenciais que servem de sustentação para o
processo de orientação. (a) O Princípio Experiencial, segundo
Pelletier (1978), o conhe-
cimento é adquirido por meio das experiências sensoriais do indivíduo, dando maior
ênfase à experiência do que à informação passiva recebida. Portanto, a orientação
deve focar em proporcionar um alto nível de experiência. Romero (1994) acrescenta a
importância de considerar atitudes, emoções, necessidades, intenções próprias ou al-
heias e valores no processo de orientação. (b) O Princípio Heurístico, segundo
Romero
(1994), destaca a importância da investigação cognitiva ativa do indivíduo e de sua au-
tonomia como sujeito em processo de escolha. A participação ativa do indivíduo per-
mite que ele determine por si mesmo o que é mais adequado para o seu projeto,
gerando assim um sentimento de competência e autonomia. (c) O Princípio Integrador;
Pelletier (1978) e Romero (1994) afirmam que é necessário encontrar sentido nas ações
empreendidas durante o processo de orientação. É necessário que as atividades e de-
cisões tomadas durante este processo estejam alinhadas com os objetivos e metas do
indivíduo, gerando um senso de coerência e propósito em seu caminho de desenvol-
vimento.
No que diz respeito ao princípio integrador,
Pelletier (1978) afirma que há duas maneiras
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de alcançá-lo: (a) Significação: refere-se a dar sentido a cada experiência vivida no pre-
sente e integrar à totalidade da vida da pessoa, e aos aspectos que são relevantes, po-
dendo ter sido ignorados ou desconhecidos anteriormente. (b) Direção: Refere-se à
avaliação negativa, positiva ou neutra que pode ser atribuída à experiência.
Teoria das Inteligências Múltiplas em relação à orientação e escolha vocacional:
Howard Gardner propôs a existência de vários tipos de inteligência. Para esse pesquisador, em
uma pessoa, cada um desses tipos de inteligência atua de maneira independente.
Gardner
(1993)
afirma que a inteligência não deveria ser vista como uma capacidade única e generali-
zada, mas sim como uma combinação de diferentes habilidades e competências. O autor iden-
tificou inicialmente sete inteligências diferentes que interagem entre si, as quais são: inteligência
linguística, inteligência lógico-matemática, inteligência espacial, inteligência musical, inteligência
corporal-cinestésica, inteligência interpessoal e inteligência intrapessoal.
Inteligência Linguística: é a capacidade de usar a linguagem de forma eficaz, incluindo
a compreensão, análise e produção de textos escritos e orais.
Inteligência Lógico-Matemática: refere-se à habilidade para raciocínio lógico, pensamento
abstrato, resolução de problemas matemáticos e compreensão de princípios científicos.
Inteligência Espacial: implica a capacidade de perceber e manipular informações visuais
e espaciais, bem como a capacidade de resolver problemas relacionados ao espaço e
orientação.
Inteligência Musical: refere-se à habilidade para apreciar, compor e produzir música,
assim como perceber e reconhecer elementos musicais.
Inteligência Corporal-Cinestésica: implica a habilidade de usar o corpo de maneira
especializada e coordenada, como no caso de atletas, dançarinos ou cirurgiões.
Inteligência Interpessoal: refere-se à capacidade de entender e se relacionar com ou-
tras pessoas, bem como perceber e responder às emoções e motivações dos outros.
Inteligência Intrapessoal: refere-se à capacidade de autoconhecimento, autocontrole
e autoavaliação, bem como compreensão dos próprios sentimentos, necessidades e
metas.
Posteriormente,
Gardner (2001, 2011) adicionou duas inteligências à sua lista: a inteligência na-
turalista, que se refere à habilidade de classificar e se relacionar com elementos da natureza, e
a inteligência existencial, relacionada à reflexão sobre questões fundamentais da existência hu-
mana. As inteligências múltiplas de Gardner podem estar relacionadas com a orientação e es-
colha vocacional de várias maneiras:
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Autoconhecimento: A inteligência intrapessoal refere-se à capacidade de entender e
lidar com nossas próprias emoções, metas, pontos fortes e fracos. Este tipo de inteli-
gência é importante na escolha vocacional, pois implica ter consciência de nossas pre-
ferências, interesses e habilidades, o que pode nos ajudar a identificar carreiras que
melhor se adequem a nós.
Relações Interpessoais: A inteligência interpessoal consiste na habilidade de enten-
der e se relacionar efetivamente com os outros. Essa inteligência é importante na es-
colha vocacional, já que muitas carreiras exigem habilidades para trabalhar em
equipe, comunicar-se de maneira eficaz e estabelecer relacionamentos sólidos com
os outros.
Habilidades Específicas: As diferentes inteligências múltiplas de Gardner estão relacio-
nadas a habilidades específicas que podem ser relevantes para certas carreiras. Por
exemplo, a inteligência musical pode ser importante na escolha de uma carreira no
campo da música ou arte, enquanto a inteligência lógico-matemática pode ser relevante
para carreiras em engenharia ou ciência.
Diversidade de Opções: A teoria das inteligências múltiplas reconhece que cada indi-
víduo possui fortalezas e habilidades únicas. Isso implica que nem todas as carreiras são
adequadas para todas as pessoas. A escolha vocacional baseada nas inteligências múl-
tiplas permite considerar uma ampla gama de opções profissionais e encontrar aquelas
que se ajustem melhor às fortalezas e habilidades de cada indivíduo.
Como pode ser empregada a teoria das inteligências múltiplas de Gardner para
realizar a orientação vocacional dos jovens?
A teoria das inteligências múltiplas de Gardner pode ser utilizada para orientar vocacionalmente
os jovens de várias maneiras:
Em primeiro lugar, acreditamos que é necessário identificar as fortalezas e fraquezas de cada
indivíduo. A teoria das inteligências múltiplas sustenta que cada pessoa possui diferentes tipos
de inteligência, como inteligência linguística, lógico-matemática, musical, interpessoal, intra-
pessoal, espacial, naturalista e corporal-cinestésica. Ao avaliar as habilidades e preferências de
cada jovem em relação a essas inteligências, é possível identificar suas fortalezas e fraquezas
em diferentes áreas. Para este propósito, podem ser utilizados testes que determinem o tipo
de inteligência do estudante.
Em segundo lugar, é necessário oferecer opções de carreiras que correspondam às inteligências
predominantes. Uma vez identificadas as inteligências predominantes de um indivíduo, podem
ser apresentadas opções de carreiras ou campos profissionais que aproveitem essas habilidades.
Por exemplo, se um estudante tem uma inteligência musical destacada, poderia considerar ca-
rreiras na música, produção musical ou ensino de música.
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Em terceiro lugar, é vital adaptar os métodos de ensino e avaliação ao conhecer as inteligências
predominantes dos jovens. Orientadores vocacionais podem ajustar os métodos de ensino e
avaliação para atender às necessidades individuais. Por exemplo, se um estudante possui uma
inteligência espacial destacada, pode se beneficiar de atividades práticas e visuais em vez de
apenas ler informações escritas.
Em quarto lugar, é crucial estimular o autoconhecimento e a exploração. A teoria das inteli-
gências múltiplas pode auxiliar os jovens a compreender melhor suas próprias fortalezas e fra-
quezas, permitindo-lhes tomar decisões mais fundamentadas sobre seu futuro profissional. A
exploração de diferentes áreas de inteligência por meio de atividades e experiências também
pode ajudar os jovens a descobrir novos interesses e habilidades.
Conclusões
Concluímos que, na teoria de Donald Super, a escolha vocacional é um processo contínuo in-
fluenciado por elementos como personalidade, interesses, habilidades e ambiente socioeco-
nômico. Durante a fase de crescimento, que vai desde o nascimento até os 14 anos, ocorre a
exploração e busca por informações, onde as preferências ocupacionais estão mais relacionadas
às necessidades emocionais da pessoa. O objetivo desta fase é auxiliar as pessoas a obterem
uma compreensão mais profunda de si mesmas e das diferentes opções ocupacionais dispo-
níveis, permitindo-lhes identificar e ajustar metas e objetivos à medida que adquirem mais in-
formações e experiências.
Consideramos que a teoria da motivação e a orientação vocacional estão interligadas, pois ambas
visam compreender e facilitar as decisões e comportamentos das pessoas em relação à carreira
ou trabalho. Ambos os campos podem se beneficiar mutuamente ao utilizar os princípios e con-
ceitos da motivação para informar e aprimorar o processo de tomada de decisões vocacionais.
Da mesma forma, concluímos que a escolha de uma carreira é um processo dividido em duas
etapas: a fase de crescimento e a fase de exploração. Durante a fase de exploração, as pessoas
podem experimentar e testar diferentes opções e caminhos profissionais, o que implica realizar
pesquisas, conversar com pessoas que trabalham em diferentes setores, fazer estágios ou prá-
ticas profissionais, e participar de atividades de desenvolvimento pessoal e profissional. É fun-
damental que as atividades e decisões tomadas durante esse processo estejam alinhadas com
os objetivos e metas do indivíduo, gerando um senso de coerência e propósito em seu caminho
de desenvolvimento.
Concluímos ainda que a teoria das inteligências múltiplas reconhece que cada indivíduo possui
habilidades e fortalezas únicas, implicando que nem todas as carreiras são adequadas para todas
as pessoas. A escolha vocacional baseada nas inteligências múltiplas permite considerar uma
ampla gama de opções profissionais e encontrar aquelas que melhor se adequam às habilidades
e fortalezas de cada indivíduo. Portanto, é crucial que as pessoas identifiquem suas fortalezas e
fraquezas para escolher uma carreira que lhes permita desenvolver todo o seu potencial.
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Finalmente, concluímos que existem diversas ferramentas práticas que podem ajudar as pessoas
a tomar decisões educacionais informadas, como testes de inteligências múltiplas, questionários
de interesses e habilidades, e entrevistas com profissionais de diferentes setores. Essas ferra-
mentas permitem que as pessoas conheçam suas fortalezas e fraquezas, bem como as opções
profissionais que melhor se adequam às suas habilidades e objetivos. Portanto, é essencial que
as pessoas utilizem essas ferramentas para tomar decisões educacionais informadas e satisfa-
tórias. O educador ou profissional responsável pela orientação vocacional deve fazer o possível
para considerar as características pessoais, interesses, habilidades e competências dos estu-
dantes, desenvolvendo assim a orientação vocacional de maneira correspondente.
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