Pós-graduação Virtual sobre
Paradigmas de Pesquisa:
Uma Experiência Cubana em
Tempos de Pandemia
Postgrado virtual sobre paradigmas de
investigación: una experiencia cubana
en tiempos de pandemia
*Pós-doutora em Ciências Sociais da Infância e Juventude. Doutora em Ciências Pedagógicas. Mestre em
História Contemporânea. Universidade Médica de Havana, Cuba. Assessora de Grau Científico. E-mail: rosi-
medina2002@gmail.com.
**Doutora em Ciências da Educação Médica. Universidade Médica de Havana, Cuba. Chefe do Departamento
de Pós-graduação e Pesquisas. E-mail: diachisholm@infomed.sld.cu.
Como citar: Medina, B. R. M. e Hernández, C. D. (2024). Pós-graduação Virtual sobre Paradigmas
de Pesquisa: Uma Experiência Cubana em Tempos de Pandemia. Revista Digital de Investigación y
Postgrado, 5(9), 25-41. https://doi.org/10.59654/ayrx4j46
Rosa María Medina Borges*
https://orcid.org/0000-0002-3592-1745
La Habana / Cuba
Dianelys Hernández Chisholm**
http://orcid.org/0000-0002-7482-1907
La Habana / Cuba
.
Recebido: Maio/12/2023 Revisado: Maio/25/2023 Aprovado: Juiho/21/2023 Publicado: January/10/1024
Revista Digital de Investigación y Postgrado, 5(9), 25-41
ISSN electrónico: 2665-038X
https://doi.org/10.59654/ayrx4j46
Resumo
O artigo propõe avaliar a pertinência do pós-graduação sobre paradigmas de pesquisa nos
tempos da Covid-19, realizado na Universidade Médica de Havana entre maio e julho de 2021.
A partir de uma abordagem metodológica qualitativa, foram sistematizadas as urgências que
levaram ao design do pós-graduação na virtualidade. Aborda-se o entrelaçamento de posições
e abordagens de numerosos(as) autores(as) sobre os acontecimentos ligados à doença men-
cionada, bem como a tomada de consciência da necessidade de repensar os paradigmas de
pesquisa perante a emergência sanitária global. A validade da experiência permite a sua con-
tinuidade e melhoria.
Palavras-chave:
paradigmas de pesquisa, ciência, educação pós-graduada, virtualidade, pandemia.
Resumen
El artículo se propone valorar la pertinencia del postgrado sobre paradigmas de investigación
en tiempos de la Covid 19, realizado en la Universidad Médica de la Habana entre mayo-julio
del 2021. Desde un enfoque metodológico cualitativo, se sistematizaron las urgencias que con-
llevaron al diseño del postgrado desde la virtualidad. Se aborda el entretejido de posiciones y
enfoques de numerosos(as) autores(as) acerca de los acontecimientos vinculados a la mencio-
nada enfermedad, así como la toma de conciencia sobre la necesidad de repensar los para-
digmas investigativos ante la emergencia sanitaria global. La validez de la experiencia permite
su continuidad y mejoramiento.
Palabras clave:
paradigmas de investigación, ciencia, educación de postgrado, virtualidad, pandemia.
Introdução
Um coronavírus chamado SARS-CoV-2, de aparência bela e extravagante, irrompeu em 2020
para roubar o protagonismo da vida planetária. Como se nele se resumissem todos os proble-
mas do mundo globalizado (Medina, 2021a). A critério de Maldonado (2021a), com a crise pan-
dêmica, ficou evidente, mais uma vez, que existem fenômenos imprevisíveis em matéria de
saúde e que estes não podem e não devem ser negligenciados. A Covid-19 pegou todos de
surpresa; nem os melhores cientistas do mundo viram isso chegar. Também não existiam, ini-
cialmente, vacinas ou soluções definitivas para a crise sanitária global ocorrida.
Tais acontecimentos colocaram - novamente - no centro dos debates o que está relacionado
à validade dos paradigmas científicos. Assunto de vital importância para a pesquisa (na busca
por medicamentos e tecnologias para o tratamento dos sintomas e sequelas da doença). Na-
quela época, o debate sobre os paradigmas permeava todas as esferas da vida social, particu-
larmente a educação (em suas dimensões pedagógicas e didáticas).
Foram muitas perguntas em pouco tempo: quão preparados estávamos, os professores da uni-
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versidade médica, para entender a crise pandêmica a partir das ciências? Como nos preparar
em tempo recorde para pesquisar e publicar a partir das respectivas áreas do conhecimento?
Como assumir os impactos gerados e continuar os processos formativos a partir da virtuali-
dade?
No artigo é apresentada a proposta de pós-graduação virtual sobre a necessidade de repensar
os paradigmas de pesquisa diante das novas realidades emergentes a partir da pandemia da
Covid-19. É feita uma análise valorativa sobre os suportes tecnológicos disponíveis para seu
ensino, os conteúdos abordados, as principais propostas didáticas e científicas realizadas pelos
docentes participantes em sua primeira edição. Faz-se um relato do feedback final aplicado. A
experiência ocorreu na Universidade de Ciências Médicas de Havana (UCMH), em sua Facul-
dade de Tecnologia da Saúde (FATESA).
A educação médica cubana ocupa um lugar avançado no continente latino-americano, pois
forma profissionais cubanos e de outras nacionalidades para exercer a medicina social, por
meio da formação em diversos técnicos superiores de Saúde e mais de dez cursos universitários
(medicina, estomatologia, enfermagem, terapia física e reabilitação, higiene e epidemiologia,
sistemas de informação em saúde, entre outros).
A formação médica cubana é reconhecida por aplicar o princípio reitor da educação no tra-
balho e para o trabalho, durante a etapa estudantil e com a prestação de serviços de saúde
dentro de Cuba e internacionalmente. Devido à variedade de especialidades que são ministra-
das, ela é institucionalizada em 13 faculdades, e o corpo docente é, por sua vez, muito hete-
rogêneo em termos de especialidades e formação acadêmica.
É importante destacar que no momento da ministração da pós-graduação, os professores es-
tavam com os alunos, realizando pesquisas ativas para a prevenção e detecção de casos de
Covid-19 e ministrando aulas virtuais. Os tempos e espaços, os formatos e dinâmicas, o do-
méstico e o institucional, os dados e vivências, o público e o privado, tensionaram o campo da
educação médica.
Essa peculiaridade de trabalho influenciou, junto com as limitações tecnológicas, a falta de al-
fabetização informacional de uma parte do corpo docente (mais envelhecido) e a divulgação
limitada que pôde ser feita para estudos de pós-graduação, de modo que apenas 12 das 25
vagas disponíveis foram preenchidas.
Do ponto de vista qualitativo, pode-se considerar que a realização do curso foi ótima e enri-
quecedora, já que os professores matriculados, masculinos e femininos, são todos líderes cien-
tíficos que possuem graus acadêmicos de doutorado ou mestrado. Eles também ocupam
responsabilidades como: (a) chefe do departamento de pós-graduação e metodologistas do
mesmo, (b) chefe do departamento de inglês para fins específicos, (c) professores das carreiras:
sistemas de informação em saúde, reabilitação em saúde, higiene e epidemiologia, e farmaco-
logia.
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O desenho metodológico e a estratégia pedagógica para a implementação da pós-graduação
começaram com um esforço interdisciplinar para articular problemas estudados por diferentes
áreas do conhecimento: metodologia de pesquisa, epidemiologia crítica, saúde internacional,
e problemas sociais da ciência e tecnologia (PSCT).
Algumas características da virtualidade na Universidade de Ciências Médicas de
Havana (UCMH) durante a pandemia
As primeiras reações das instituições universitárias cubanas às medidas sanitárias ditadas por
organizações internacionais e aplicadas pelo governo, não foram muito diferentes das experi-
mentadas em outras latitudes e foram, como era de se esperar, de contingência. Ajustes curri-
culares rápidos foram solicitados para propostas virtuais, a fim de aproveitar ao máximo o
suporte tecnológico disponível.
Em meio a tais circunstâncias sem precedentes, era necessário tornar-se mais dinamicamente
consciente da necessidade de fazer ciência e repensar como focar a pesquisa em novos con-
textos. Algo que
Puiggrós (2021) pede quando questiona os professores sobre o imperativo de
articular novas interligações e enunciações entre os termos: contingência - experiência - he-
rança - criação, nos debates pedagógicos e científicos atuais.
Como apontado por
Coicaud, Martinelli e Rozenhauz (2021), trabalhar na virtualidade requer
atualização recorrente, exigindo políticas e decisões claras, porque as universidades não mudam
sem o compromisso dos professores, nem estes sem as instituições. A sua apropriação para
transformar o ensino é um processo que leva tempo. No entanto, acreditamos que as crises
podem gerar e motivar oportunidades de crescimento tanto institucional quanto pessoal. Metas
que se prolongam ao longo do tempo às vezes se dissolvem, enquanto podem ganhar força
e impulso surpreendente em momentos urgentes.
Uma vez "superada" a fase mais crítica da pandemia, em tempos de recuperação ou presumi-
velmente pós-pandemia, é imperativo sistematizar experiências aplicadas para significar o
quanto do que foi feito adquire conotação para ser normalizado nas práticas pedagógicas.
Tanto na pós-graduação quanto na graduação, esse abalo que ainda vivemos delineia o im-
perativo não apenas de nos capacitarmos nas próprias matérias que ensinamos, mas de buscar
diálogos de saberes por meio da interdisciplinaridade e até mesmo da transdisciplinaridade.
Por outro lado, livrar-nos da reprodução de informações, aulas chatas, e inovar metodologias
mais eficazes, mas sempre conectadas com os propósitos e o contexto educacional em que
atuamos. Publicar para interconectar também se torna um hábito inadiável.
A educação médica cubana ocorre em um país bloqueado pelo governo dos EUA há mais de
60 anos. Resumidamente, isso significa estar sujeito a uma estrutura jurídica confusa que tem
caráter extraterritorial e afeta todas as relações econômicas e comerciais de Cuba no cenário
internacional (que pode ser catalogada como a guerra econômica mais longa e duradoura
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desde o pós-guerra). O bloqueio também afeta multidimensionalmente todas as esferas sociais
(acesso às TICs, no ideológico-cultural: sensação de praça sitiada, entre outros).
O acesso à educação em geral, e à educação médica em particular, ao uso das TICs para fins
educacionais, ainda é limitado. Nos últimos cinco anos, foram feitos investimentos estatais na
área de telecomunicações, e a capacidade foi aumentada para prestar serviços. Apesar dos
esforços do estado cubano para expandir a conectividade e a informatização da sociedade cu-
bana, ainda está muito abaixo do que se aspira e necessita. Em Cuba, conectar-se à internet a
partir de telefones móveis ainda é caro, embora com uma tendência sustentada para a redução
de preços. Estudantes e professores têm 2G, 3G ou 4G, dependendo da disponibilidade de te-
lefones, que são principalmente importados por viajantes ou parentes (às vezes usados). O
mercado interno de varejo para equipamentos de computação e telefonia móvel é muito limi-
tado.
Dada essa situação, pode-se afirmar que, por meio da modalidade presencial, é pouco provável
usar a internet de forma sustentável e em tempo real em todas as dezenas de cenários edu-
cacionais da educação médica, já que a universidade está localizada não apenas nas faculdades,
mas em inúmeros espaços formativos credenciados para isso: hospitais, policlínicas, consultórios
médicos (entre outras instituições de saúde).
Para certas disciplinas priorizadas, o objetivo é garantir intencionalmente tal acesso através da
distribuição e uso da base tecnológica institucional, com critérios de racionalidade e eficiência.
Nas modalidades remotas ou virtuais, em sua maioria, não há uma opção de acesso ou suporte
tecnológico para transmitir - em tempo real ou de forma síncrona - videoconferências ou ofi-
cinas online; usando ZOOM ou outras plataformas. Predomina o uso assíncrono da Sala de
Aula Virtual em Saúde (AVS), como parte da Universidade Virtual de Saúde (UVS).
A UVS de Cuba foi criada em 2001 (
Zacca, Diego e López, 2008), e seu AVS é suportado na
plataforma Moodle. A contingência decorrente da situação epidemiológica permitiu sua ex-
pansão e incentivou seu uso não apenas para atividades de pós-graduação, mas também para
a graduação.
Os recursos didáticos para o design e implementação de cursos virtuais estão concentrados
nas seguintes unidades didáticas: um guia orientador geral para o curso em questão, com o
design das atividades a serem desenvolvidas pelos alunos (tanto autocontrole como tarefas
avaliativas a serem entregues e sua programação correspondente) e a bibliografia geral dispo-
nível. Cada tema inclui uma pasta contendo: um guia orientador específico, bibliografia (tanto
básica quanto complementar); bem como as conferências (em PowerPoint ou em formato PDF).
Geralmente é projetado um fórum geral do curso, bem como fóruns avaliativos ou não avalia-
tivos para cada tópico; que permitem a interação (assíncrona) entre professores e alunos. Os
professores, que participam pela primeira vez da educação virtual, projetam os cursos e treinam
simultaneamente no domínio da plataforma Moodle 3.0. Existem outros recursos disponíveis
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que ainda estão pendentes de uso devido à capacidade tecnológica limitada disponível e/ou
porque requerem processos contínuos de aprendizagem por parte de professores e alunos.
Design do programa
O curso de reformulação de paradigmas de pesquisa diante de novas realidades concentra-se na
lógica da pesquisa (concebendo-a como um momento superior da metodologia da pesquisa).
Em seu programa, esclarece-se que não constitui um curso básico de metodologia, pois consi-
dera-se que os alunos já superaram esse nível de preparação para a pesquisa. Inclui exercícios crí-
ticos não usuais em pós-graduações em saúde, referentes à abordagem dos diferentes paradigmas
de pesquisa, os debates metodológicos atuais; e a reformulação diante das novas circunstâncias
que o mundo em geral e os processos de saúde, em particular, vivem no cenário atual.
É concebido como um espaço de atualização em novas perspectivas nas pesquisas relacionadas
à saúde. Também enfatiza que cada aluno exemplifique, a partir de sua especialidade e em
diálogo com outras, possíveis problemáticas que possam ser pesquisadas com novas perspec-
tivas interligadas pelos participantes.
A proposta do programa de pós-graduação é estruturada em três temas:
O tema 1 Investigação científica e paradigmas, consiste em três conferências. Na primeira, em
vez de fornecer conceitos, são articuladas opiniões de vários autores sobre os principais para-
digmas: a) positivista ou quântico, b) qualitativo, c) crítico, e d) complexidade. Entre eles des-
tacam-se:
Almeida (1992, 2007), Melero (2012), Colmenares (2012), Sequera (2014), Breilh (2015),
Torres (2015), Maldonado (2016), Basile (2020). A principal conclusão a que se chega reside na
não obrigatoriedade de se adotar um paradigma de forma absoluta, mas seu uso deve res-
ponder ao tema de pesquisa e aos problemas científicos a serem resolvidos, razão pela qual
se sugere a compreensão da necessidade de metodologias mistas (
Muñoz, 2013; Núñez, 2017).
Na segunda e terceira conferência do tema 1, reflete-se sobre os seguintes eixos de debate e
autores:
A validade da ideia de
Morin (1984) sobre como a enorme massa de conhecimento
quantificável e tecnicamente utilizável não é nada mais do que veneno se privada da
força libertadora da reflexão.
A ciência e a produção de conhecimento científico estão mudando, e isso mostra que
a crise de identidade da ciência contemporânea é uma crise de crescimento, uma nova
forma de produção e legitimação de conhecimento e tecnologia (
Morin, Delgado; 2017).
A descoberta dos componentes essenciais de um processo complexo não surge de uma
simples acumulação de dados. O excesso de dados irrelevantes e desconectados é mui-
tas vezes uma forma de ignorância. A busca pelas essências é um ato de intuição e cria-
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tividade. As propostas que surgem disso serão posteriormente validadas (ou não) por
novas experiências concretas (
Lage, 2018).
Com mais frequência, ciências naturais, engenharia, ciências sociais e humanidades tra-
balham juntas para enfrentar problemas complexos significativos (
Estévez, 2019).
A ausência de uma linguagem comum entre "ciências naturais" e "ciências humanas"
torna difícil alcançar uma coerência interna que permita a ambas não se excluírem mu-
tuamente. A divisão entre ambas as disciplinas não é ditada pela própria ciência, nem
pelas humanidades, mas por aqueles que a praticam (
Zamora, 2019).
Reinterpretando
Kuhn (1971), podemos afirmar que os cientistas trabalham a partir de
modelos adquiridos através da educação e subsequente exposição na literatura cientí-
fica, o que ocorre muitas vezes sem conhecer plenamente ou necessitar conhecer quais
características deram a esses modelos seu status de paradigmas dentro da comunidade.
Isso explicaria a não obrigatoriedade de seguir rotineiramente todos os procedimentos
de cada paradigma, e ainda mais, a coerência demonstrada pela tradição de pesquisa
na qual participam pode nem mesmo implicar na existência de um conjunto básico de
regras invioláveis (
Medina, 2021a).
É necessário retornar constantemente à praxis investigativa porque o papel do compo-
nente humano é determinante. A necessidade de liderança científica, motivação e com-
promisso por parte do pesquisador é incontornável. Sem isso, não há mudança possível
nem assunção de novos paradigmas que, eventualmente, se manifestem em modos
profissionais de ação (
Medina, 2021a).
No tema 2 Investigação Científica e Desenhos Metodológicos, são explicadas as relações entre o
desenho metodológico e a lógica da pesquisa, com a busca de olhares plurais sobre um tema
em discussão aberta, mas não por isso evitável. Entre os principais autores a serem estudados
no tema 2 estão:
Cascante (2011), Corona (2017), Piovani e Muñiz (2018), Cornejo e Rufer (2020).
Na conferência 1 do tema 2, diante da existência de tantas definições sobre a ciência, resume-
se que a mesma é uma atividade intencional estruturada para produzir conhecimento novo:
pertinente e significativo a nível social. O principal não está nos métodos, nem nos instrumentos
com os quais se explora a realidade, mas na lógica com que se concebe abordar o problema
que se quer estudar. Mais do que falar de metodologia, deve-se falar de lógica da pesquisa, já
que o desenho deve funcionar como um sistema flexível e dinâmico; onde todos os compo-
nentes e partes do processo, e seus resultados (apresentados no relatório final) estejam inter-
conectados horizontalmente. Isso deveria garantir a clareza, articulação e solidez científica.
Insiste-se também na importância da criatividade do cientista e na sua capacidade de formular
boas perguntas, o que pode ser aprendido através de muitas horas de estudo e pesquisa junto
a processos de aproximações sucessivas do que já foi formulado. Além disso, é preciso treinar-
se no exercício de escolher e avaliar.
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Rosa María Medina Borges e Dianelys Hernández Chisholm
A conferência 2 do tema 2 propõe caracterizar a metodologia da horizontalidade, como parte
das abordagens metodológicas emergentes que se desenvolvem no mundo. Insiste-se em des-
terrar o medo da diversidade de métodos e técnicas, já que a tradicional ideia de vê-la como
uma fraqueza, pode ser a sua qualidade distintiva. Tal postura contribui não só para o diálogo
entre os pesquisadores, mas para construir o encontro com todos os envolvidos nos problemas
que são investigados. Por sua vez, abre uma porta para a equidade discursiva e a autonomia
das vozes plurais, o que nasce ao sentar à mesa as diferentes disciplinas encarnadas em grupos
que superem as intenções interdisciplinares, e alcancem definir o que deve ser construído com
os conhecimentos (incluídos os não acadêmicos).
Na conferência 3 do mencionado tema, aprofunda-se ainda mais na ideia anterior, quando se
desdobra o vínculo entre horizontalidade, métodos mistos e reflexividade. Num primeiro mo-
mento, realiza-se uma abordagem histórico-lógica de três momentos essenciais na construção
discursiva dos debates metodológicos: o consenso quantitativo nas ciências sociais da primeira
metade do século XX, passando pela triangulação metodológica e as combinações quanti-
quali (predominantes desde aproximadamente os anos 60 do século passado), até os debates
sobre triangulação e articulação dos métodos mistos (na década de 90).
Por outro lado, esclarece-se que o desenho misto não se reduz a unir os resultados obtidos
através de vias distintas, mas requer a integração em todas as etapas da pesquisa: (a) desenho,
(b) criação de materiais, (c) recrutamento de participantes, (d) coleta de dados e (e) análise
própria. Os métodos mistos não são em si mesmos nem mais nem menos válidos que cada
abordagem específica de pesquisa. A validade reside mais na adequação, exaustividade e efi-
cácia com que esses métodos são aplicados. Também se deixa como interrogação para o pró-
ximo tema quais enigmas atravessam os debates em tempos de pandemia.
O tema 3. Contextos e Dilemas do Desenvolvimento Científico no Mundo e em Cuba, em Tem-
pos de Pandemia; centra sua análise no contexto multidimensional de crise global na qual
emerge a pandemia, os impactos e urgências que essa catástrofe sanitária impôs ao campo
dos serviços e das pesquisas em Saúde, bem como à formação médica. Também dá conta dos
avanços científicos experimentados no período. Entre os autores que dialogam estão:
Maldo-
nado (2021b), Martínez (2021), e Machado (2020).
O mencionado tema conta com 2 conferências e concentra seu olhar (entre outros) nos se-
guintes eixos:
A validade da ideia de
Morin (1984) sobre como a enorme massa de conhecimento
quantificável e tecnicamente utilizável é apenas veneno, se lhe for privada a força liber-
tadora da reflexão.
A ciência e a produção de conhecimento científico estão mudando, e isso mostra que
a crise de identidade da ciência contemporânea é uma crise de crescimento, um novo
modo de produção e legitimação do conhecimento e da tecnologia (
Morin, Delgado;
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2017).
A descoberta dos componentes essenciais de um processo complexo não surge
de uma simples acumulação de dados. O excesso de dados irrelevantes e desconexos
costuma ser uma forma de ignorância. A busca das essências é um ato de intuição e
criatividade. As propostas resultantes serão validadas posteriormente (ou não) por novas
experiências concretas (
Lage, 2018).
Com maior frequência, as ciências naturais, engenharias, ciências sociais e humanidades
atuam juntas para abordar problemas complexos importantes (Estévez, 2019).
A ausência de uma linguagem comum entre as "ciências naturais" e as "ciências huma-
nas" torna difícil alcançar uma coerência interna que permita a ambas não se descarta-
rem mutuamente. A divisão entre essas disciplinas não é determinada nem pela própria
ciência, nem pelas humanidades, mas sim por aqueles que as praticam (
Zamora, 2019).
Reinterpretando Kuhn (1971), pode-se afirmar que os cientistas trabalham a partir de
modelos adquiridos por meio da educação e da exposição posterior na literatura cien-
tífica, o que frequentemente acontece sem conhecer completamente ou necessitar con-
hecer as características que conferiram a esses modelos seu status de paradigmas na
comunidade. Isso explicaria a não obrigatoriedade de seguir rotineiramente todos os
procedimentos de cada paradigma, e ainda mais a coerência demonstrada pela tradição
da pesquisa da qual participam, que pode não implicar sequer na existência de um
corpo básico de regras invioláveis (
Medina, 2021a).
Deve-se voltar constantemente à prática investigativa, pois o papel do componente hu-
mano é determinante. A necessidade de liderança científica, motivação e comprometi-
mento do pesquisador são inevitáveis. Sem isso, não há possibilidade de mudança ou
adoção de novos paradigmas, que acabam se concretizando em formas de atuação
profissional (
Medina, 2021a).
Durante os três temas, os participantes podem contribuir com suas experiências e opiniões por
meio de três fóruns de debate e uma oficina final integradora; cujas contribuições mais signi-
ficativas estão resumidas a seguir, assim como os critérios expressos no feedback da primeira
edição realizada entre os meses de maio a julho de 2021.
Experiências na ministração da pós-graduação
No tópico 2 Pesquisa científica e desenhos metodológicos, são explicadas as relações entre o
desenho metodológico e a lógica da pesquisa, com a busca por perspectivas plurais sobre um
tema em discussão aberta, mas não por isso evitável. Entre os(as) principais autores(as) a serem
estudados(as) no tópico 2 estão:
Cascante (2011), Corona (2017), Piovani e Muñiz (2018), Cornejo
e Rufer (2020).
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Na primeira conferência do tópico 2, diante da existência de tantas definições sobre a ciência,
ressalta-se que a mesma é uma atividade intencional estruturada para produzir novo conhe-
cimento: pertinente e significativo em nível social. O principal não está nos métodos, nem nos
instrumentos com os quais a realidade é explorada, mas sim na lógica com a qual se concebe
a abordagem do problema a ser estudado. Mais do que falar de metodologia, deve-se falar
de lógica de pesquisa, uma vez que o desenho deve funcionar como um sistema flexível e di-
nâmico; onde todos os componentes e partes do processo, e seus resultados (apresentados
no relatório final) estejam interconectados horizontalmente. Isso deveria garantir clareza, arti-
culação e solidez científica. Além disso, enfatiza-se a importância da criatividade do(a) cientista
e de sua capacidade de formular boas perguntas, o que pode ser aprendido por meio de
muitas horas de estudo e pesquisa junto a processos de abordagens sucessivas do que já foi
formulado. Além disso, é necessário treinar o exercício de escolher e valorizar.
Na segunda conferência do tópico 2, propõe-se caracterizar a metodologia da horizontalidade
como parte das abordagens metodológicas emergentes desenvolvidas no mundo. Insiste-se
em abandonar o medo da diversidade de métodos e técnicas, pois a ideia tradicional de vê-lo
como uma fraqueza pode ser sua qualidade distintiva. Essa postura contribui não apenas para
o diálogo entre os pesquisadores, mas também para construir o encontro com todos aqueles
envolvidos nos problemas investigados. Ao mesmo tempo, abre uma porta para a equidade
discursiva e a autonomia das vozes plurais, o que nasce ao sentar à mesa as diferentes disci-
plinas encarnadas em grupos que vão além das intenções interdisciplinares e alcançam a de-
finição do que deve ser construído com os conhecimentos (incluindo os não acadêmicos).
Na terceira conferência do referido tópico, a ideia anterior é aprofundada ainda mais, quando
se explora a ligação entre horizontalidade, métodos mistos e reflexividade. Num primeiro mo-
mento, é feita uma abordagem histórico-lógica de três momentos essenciais na construção
discursiva dos debates metodológicos: o consenso quantitativo nas ciências sociais na primeira
metade do século XX, passando pela triangulação metodológica e as combinações quanti-
quali (predominantes desde aproximadamente os anos 60 do século passado), até os debates
sobre a triangulação e articulação dos métodos mistos (na década de 90).
Além disso, esclarece-se que o desenho misto não se reduz a unir os resultados obtidos por
diferentes vias, mas requer integração em todas as etapas da pesquisa: (a) desenho, (b) criação
de materiais, (c) recrutamento de participantes, (d) coleta de dados e (e) análise própria. Os
métodos mistos não são, por si só, mais ou menos válidos do que cada abordagem específica
de pesquisa. A validade reside mais na adequação, abrangência e eficácia com que esses mé-
todos são aplicados. Também é deixada como pergunta para o próximo tópico quais enigmas
atravessam os debates em tempos de pandemia.
O tópico 3 "Contextos e dilemas do desenvolvimento científico no mundo e em Cuba, em tem-
pos de pandemia", foca sua análise no contexto multidimensional da crise global em que
emerge a pandemia, os impactos e urgências que essa catástrofe de saúde impôs ao campo
dos serviços e pesquisas em saúde, bem como à formação médica. Também relata os avanços
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científicos experimentados no período. Entre os autores que dialogam estão: Maldonado
(2021b), Martínez (2021) e Machado (2020)
.
O referido tópico possui 2 conferências e concentra seu olhar (entre outros) nos seguintes eixos:
A pandemia do novo coronavírus pode ser categorizada como inédita. Ela gerou um es-
tado de alerta global (
Breno e Geoffrey, 2020).
A atual emergência não é apenas uma crise de saúde. É o que as ciências sociais chamam
de fato social total, no sentido de que transforma o conjunto das relações sociais e abala
todos os atores, instituições e valores (
Ramonet, 2020).
Devido à sua abrangência global, a COVID-19 representa uma situação inédita para o
mundo. Doenças de extrema gravidade, como o ebola, não receberam tanto interesse
global e midiático, ficando restritas a um continente esquecido como a África (
Medina,
2021b).
Os debates intelectuais, acadêmicos e políticos oscilam entre o coronotimismo e o coro-
napesimismo (
De Sousa, 2020).
O crescimento das redes de ciência aberta, publicações, pesquisas e o rápido desenvolvi-
mento de vacinas para imunização contra o SARS-CoV-2 foram grandes conquistas. En-
quanto a distribuição desigual de vacinas, a comercialização de medicamentos e as
políticas de saúde da maioria dos governos evidenciaram ineficiências (
Basile e Feo, 2021).
Cuba é o único país do Terceiro Mundo com cinco vacinas e altos níveis de imunização.
A biotecnologia cubana também produziu diversos medicamentos para os sintomas da
doença (
Medina, 2021a).
Durante os três tópicos, os participantes podem contribuir com suas experiências e opiniões
por meio de três fóruns de debate e um workshop final integrador. Os aportes mais significativos
foram resumidos abaixo, assim como os comentários feitos durante o feedback da primeira
edição realizada entre maio e julho de 2021.
Experiências no oferecimento do pós-graduação
No primeiro fórum de debate, os participantes foram solicitados a responder à seguinte de-
claração: Avalie a importância da aprofundação dos paradigmas de pesquisa para sua forma-
ção. Abaixo estão algumas das principais ideias destacadas:
Estou muito interessado no enfoque do estudo de diversos paradigmas para me atualizar e
realizar artigos e apresentações para eventos, onde não apenas números sejam usados, mas
também vivências, narrativas; o que, na verdade, não é muito comum nas ciências médicas.
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A carreira de Sistemas de Informação em Saúde (SIS) possui três perfis. No primeiro relacio-
nado aos sistemas estatísticos (SIE), é claro que predominam as estatísticas, mas na informação
científica e biblioteconomia em saúde, as avaliações e os critérios qualitativos são muito im-
portantes. Enquanto na Informática, a combinação de ambos os paradigmas seria muito in-
teressante. Este pós-graduação abre novas maneiras de trabalhar em nossa carreira.
O domínio da metodologia de pesquisa é vital para o desenvolvimento de projetos e pu-
blicações de maneira eficiente. Na especialidade de Higiene e Epidemiologia, os paradig-
mas quantitativos dominaram por muito tempo. Mas com este curso e outros
conhecimentos, estamos aprendendo que, juntamente com as estatísticas, é necessário
aprofundar as análises qualitativas dos processos de saúde. E devemos avançar para o
domínio de métodos e técnicas mais adequados às dinâmicas complexas impostas pela
pandemia.
Considero importante o paradigma crítico nas ciências da saúde e pedagógicas, levando
em consideração que o enfoque crítico se caracteriza não apenas pelo fato de investigar,
obter dados e compreender a realidade em que a pesquisa se insere, mas também por
provocar transformações sociais nos contextos em que intervém.
No segundo fórum, os participantes foram solicitados a exemplificar a utilidade da metodologia
horizontal e dos métodos mistos em seu campo específico de pesquisa:
Nunca havia considerado profundamente a importância de envolver os estudantes nas
pesquisas que realizamos, com um protagonismo ativo. E entender que a horizontalidade
também pode ser usada em pesquisas em educação médica é um campo amplo para
conduzir pesquisas com novas abordagens. E acredito que tudo isso também aponta para
a interdisciplinaridade entre ciências da saúde e ciências sociais, já que esses métodos
mais qualitativos foram desenvolvidos a partir do campo das segundas.
Através das conferências do segundo tópico e da consulta ao livro sobre Pesquisa Hori-
zontal, aprendemos que o processo de pesquisa entre pares permite a perspectiva dos
participantes. Às vezes, aplicamos pesquisas ou outros instrumentos e não preparamos
adequadamente os sujeitos que participam, e eles nem mesmo compreendem bem o que
a pesquisa se propõe a fazer.
Considero interessante a utilização da metodologia e dos métodos mistos na área assis-
tencial, tendo em mente que, dentro de seus usos, está a pesquisa em serviços de saúde,
que visa obter informações válidas e confiáveis para tomar decisões sobre como organizar
eficiente e aceitavelmente os sistemas de saúde, tendo a qualidade da assistência prestada
à população como principal preocupação.
No terceiro fórum, foi solicitado: Qual é a utilidade da reflexividade como abordagem para a
realização de pesquisas em seu campo profissional?
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Uma Experiência Cubana em Tempos de Pandemia
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A reabilitação em saúde está relacionada à prevenção secundária, o que significa conhecer
o indivíduo doente e prevenir novas complicações. A reflexividade é a ação de problema-
tizar a função do pesquisador. Nesse caso, também é necessário considerar as condições
sociais que cercam o indivíduo e seu estilo de vida para influenciar sua recuperação. As
condições de saúde em que o paciente se encontra são multifatoriais, por isso não res-
pondem a um padrão universal e sua identificação deve ser individualizada.
A reflexividade é vital em pesquisas de bancos de dados e inúmeros processamentos es-
tatísticos por meio das TICs. Assim como nos temas relacionados à cibersegurança, re-
gulamentos e normas éticas no uso da informação e outros fenômenos atravessados por
mecanismos sociais, como o uso de redes digitais.
O poder dos dados estatísticos é muitas vezes absolutizado, tanto em pesquisas de saúde
quanto educacionais. Nesta última, a individualidade do estudante é frequentemente es-
quecida e os resultados são padronizados demais, considerando que podem ser aplicados
de forma mecânica a outros contextos. Isso é muito útil, por exemplo, na disciplina Qua-
lidade da Informação, onde a integridade, veracidade e rastreabilidade das informações
em saúde devem ser avaliadas.
A abordagem mista e a reflexividade em estudos farmacológicos oferecem vantagens ao
contar com uma variedade de observações de diferentes fontes, tipos de dados e contex-
tos. Ela gera informações mais ricas, permitindo que as pesquisas sejam mais interpreta-
tivas em relação às diferentes reações individuais a várias drogas em estudo.
A oficina final integradora solicitava que, com base na esfera profissional e de pesquisa, os
participantes exemplificassem como aplicariam os elementos estudados nos três tópicos. As
propostas foram um pouco gerais até agora. Concentraram-se mais em integrar a utilidade
do conteúdo abordado ao longo do pós-graduação e na conscientização sobre o desloca-
mento da enunciação durante futuros processos de pesquisa. Assim como, destacar a criati-
vidade do pós-graduação como um esforço teórico que não apenas cita autores, mas aborda
pensadores que se articulam em mudanças de paradigmas, como convergências e divergên-
cias.
Também foi considerado muito positivo que a possibilidade de aprender sobre desenhos me-
todológicos mistos e cruzar opiniões de diferentes saberes profissionais reunidos no primeiro
pós-graduação virtual sobre paradigmas de pesquisa, realizado na Faculdade de Tecnologia
da Saúde da UCMH. Todos solicitaram que os aprendizados continuassem por meio de orien-
tações ou novos pós-graduações, o que já está sendo feito por meio da tutoria de novos tra-
balhos de pesquisa, orientações para publicações e o planejamento da segunda edição do
pós-graduação.
Para concluir, deve-se destacar que o encerramento do curso coincidiu com o momento mais
grave da pandemia em Cuba. A seguinte opinião de um dos participantes expressa isso:
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Rosa María Medina Borges e Dianelys Hernández Chisholm
Os tópicos discutidos nos fóruns foram extremamente interessantes, e nós, participantes,
devemos propor a partir de nossas áreas de atuação, que outra versão seja realizada,
na qual pelo menos os chefes de departamentos de nossa faculdade participem, para
que possam multiplicar as experiências e conhecimentos. Cuidem-se para continuar fa-
zendo e poder contar a história quando esse momento difícil passar.
Conclusões
O pós-graduação que redefiniu os paradigmas de pesquisa diante das novas realidades foi
uma proposta feita em momentos de contingência, com o objetivo de permitir que os docentes
da UCMH, em condições de distanciamento social, tivessem: a) recursos metodológicos inova-
dores para compreender, a partir das ciências, as causas da emergência epidemiológica; b) es-
timular que realizassem pesquisas e publicações de forma mais dinâmica do que o habitual,
uma vez que a situação vivida o exigia.
A redação deste artigo nos permitiu aprofundar o que foi realizado, para termos a certeza de
que, além da eventualidade ocorrida, essa experiência é válida e permite sua continuidade e
aprimoramento. Na próxima segunda edição do pós-graduação, a bibliografia deve ser atua-
lizada com novas publicações sobre o comportamento do SARS-CoV-2, bem como repensar
algumas atividades didáticas e melhorar a divulgação, já que a ampliação da virtualidade é
uma das conquistas positivas deixadas pela pandemia.
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