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Gregth Raynell Hernández Buenaño
ções, associadas a formas de pensar, agir e investigar, mudando uma situação imperativa para
vários cenários que, de forma individual ou coletiva, contribuem para gerar uma metamorfose
do complexus social. A tecnologia, como paradigma, não é única; pelo contrário, possui múl-
tiplas óticas para vislumbrar suas possibilidades e implicações.
Nesse contexto, o desenvolvimento societal é produto de uma relação dialógica entre diferentes
paradigmas, sendo um deles a tecnologia, fato que deu origem a diferentes transições e inter-
pretações. A tecnologia, como uma nova forma de pensamento, representa a mudança para-
digmática desde a recursividade e a dialógica. Em outras palavras, o surgimento de uma
tecnologia não representa o detrimento de sua predecessora; pelo contrário, integra em seu
tecido caracterÃsticas de sua antecessora e estabelece hibridações para integrar outros para-
digmas tecnológicos, ampliando seu alcance e resposta na sociedade em um continuum refle-
xivo e sinergético. Desta maneira, a mudança tecnológica se vislumbra como uma transição
paradigmática, evidenciando como o homem, através da tecnologia, se coloca em uma relação
que rompe com a causalidade linear associada ao positivismo, permitindo um estado de mu-
dança, flexibilidade e pertinência, estabelecendo outras formas de complementaridade entre
diferentes enfoques e efetuando uma abordagem complexa da realidade fenomênica.
Essas transições implicam migrações, mas não em termos fÃsicos, e sim paradigmáticos, para
aproximar o indivÃduo a novas interpretações epistêmicas e induzir um estado de consciência.
Para isso, a migração paradigmática é cunhada por Hernández (2020) como uma relação dia-
lética entre o homem e seu entorno, onde um indivÃduo reflete sobre um paradigma e o intro-
duz em seu entrelaçado paradigmático ou cosmovisão pessoal, resultando em novas
ressignificações para adentrar na cotidianidade, ampliando sua consciência frente ao cosmos
circundante, adentrando em múltiplas estruturas transparadigmáticas ou cosmovisões.
O telos da migração paradigmática é um processo pessoal, reflexivo e aberto, onde o indivÃduo
decide se é conveniente refletir e integrar um determinado paradigma em seu arcabouço. A
esse respeito, o critério de compatibilidade, como indica Hernández (2020), refere-se à afini-
dade de ideias, ações e pensamentos que um paradigma ou tecnologia representa. Sua acei-
tação ou rejeição varia de acordo com o arcabouço paradigmático do indivÃduo, portanto, não
existe uma via ou momento concreto para transitar entre paradigmas, pois isso se desenvolve
de acordo com seus interesses, disponibilidade, estilo de vida, ou seja, sua cotidianidade.
É preciso mencionar que o telos migratório nunca conclui, pois parte da reflexividade, apren-
dizagem e integração constante de posturas epistêmicas, para gerar um estado de consciência
que aponte para uma visão transparadigmática e induza a um estado da arte emergente. Por
isso, a migração paradigmática pode ser sinônimo de desapego, liberdade e desobediência,
pois envolve um trânsito entre diversas formas de pensamento, evitando o apego ou constru-
ção de uma zona de conforto, que pode diminuir a abertura do homem ao mundo.
O descrito indica que o tecido societal, a partir do paradigma tecnológico, está em constante
trânsito e não possui um ponto de fechamento, apenas diminui ou aumenta sua velocidade de