Universo da Educação Ambiental
vinculado à Filosofia dos
Pré-Socráticos a partir da
complexidade
Universo de la Educación Ambiental vinculada a la
Filosofía de los Presocráticos desde
la complejidad
Como citar: Camacho, Q. C. L. (2024). Universo da Educação Ambiental vinculado à Filosofia
dos Pré-Socráticos a partir da complexidade. Revista Digital de Investigación y Postgrado, 5(10),
221-232
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Carlos Liborio Camacho Quintero*
https://orcid.org/0000-0002-7552-5245
Mérida, estado Mérida / Venezuela
* Doutor em Gestão Avançada, Universidade Fermín Toro, Venezuela. Doutor em Educação, Universidad Pedagó-
gica Experimental Libertador, Venezuela. Mestrado em Gestão Empresarial, Universidade Fermín Toro, Venezuela.
Especialização em Telemática, Universidade Nacional Aberta, Venezuela. Especialização em Direito do Trabalho,
Universidade de Los Andes, Venezuela. Engenheiro de Sistemas, Instituto Politécnico Santiago Mariño, Venezuela.
Bacharel em Administração de Empresas, Universidade Nacional Aberta, Venezuela. Advogado, Universidade Na-
cional Experimental dos Llanos Ocidentais Ezequiel Zamora, Venezuela. Contador Público, Universidade Nacional
Aberta, Venezuela. Email: clcamachoq71@gmail.com
Revista Digital de Investigación y Postgrado, 5(10), 221-232
ISSN eletrônico: 2665-038X
Recebido:
Março / 20/ 2024
Revisado:
Março / 22 / 2024
Aprovado:
Maio / 3 / 2024
Resumo
A revisão crítica do desenvolvimento e progresso da humanidade filosófica, onde os pré-so-
cráticos instruíram a transição do mito ao logos, marcando o início do pensamento racional.
Dessa maneira, o homem é o lugar por excelência onde convergem a natureza e o ser humano,
o que levou os pensadores de Mileto a se concentrarem no princípio básico das coisas, a na-
tureza ou o elemento que compõe o mundo e o universo. Do ponto de vista metodológico, o
estudo se situa dentro do paradigma qualitativo, utilizando o método hermenêutico dialético.
No entanto, a ausência de ética e o desconhecimento da sensibilidade do habitat permitiram
a destruição irracional do ser humano ao longo do tempo. Foi assim que Aristóteles organizou
cronologicamente a história pré-clássica da filosofia ocidental, onde os gregos herdaram con-
hecimentos dos egípcios e babilônios, ao mesmo tempo em que deram a essa herança um vi-
goroso esforço de lucidez, razão e lógica. Da mesma forma, isso se aplica à melhoria da
educação ambiental. Em virtude dessas observações, surge a necessidade de realizar um estudo
orientado a documentar a preocupação ambiental, mostrando suas relações, conduta ecológica
e modelos cognitivos a partir dos pré-socráticos.
Palavras-chave: Educação ambiental, desenvolvimento, progresso, filosofia, pré-socráticos, na-
tureza, ser humano.
Resumen
La revisión crítica del desarrollo y progreso de la humanidad filosófica en donde los presocrá-
ticos instruyeron al llamado mito al logos, donde se inicia el pensamiento racional. De esta ma-
nera, el hombre es el lugar por excelencia donde converge naturaleza y ser humano, ocupó a
los pensadores de Mileto hacia el principio básico de las cosas, la naturaleza o elemento que
conforma el mundo y universo. Desde el punto de vista metodológico, el estudio se ubica den-
tro del paradigma cualitativo en el cual se hace uso del método hermenéutico dialéctico. Sin
embargo, la ausencia de ética y el desconocimiento de la sensibilidad del hábitat ha permitido
la destrucción irracionalmente del ser humano en su paso, fue así como Aristóteles organizó
cronológicamente la historia preclásica de la filosofía occidental donde los griegos heredan ob-
jetos de los egipcios y babilonios, del mismo modo, le dan a esa herencia un pujante esfuerzo
proporcionado lucidez, razón y lógica, asimismo, corresponde al mejoramiento de la educación
ambiental, en virtud de estos señalamientos, surge la necesidad de plantearse un estudio orien-
tado a documental la preocupación ambiental que muestre sus relaciones, conducta ecológica
y modelos cognitivos desde los presocráticos.
Palabras clave: Educación ambiental, desarrollo, progreso, filosofía, presocráticos, naturaleza, ser humano.
Introdução
Diante da complexidade da sociedade atual, caracterizada pelos avanços na tecnologia, nas
ciências, nos meios de comunicação de massa, assim como pelos problemas de pobreza, de-
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terioração social e danos ecológicos ao planeta, é necessária uma educação integral, com uma
gestão educativa ágil sob uma abordagem estratégica que contemple a participação dos ci-
dadãos.
Tomando como referência Morin (2003), uma visão complexa compreende a realidade e se
manifesta paralelamente a partir de todas as perspectivas possíveis, buscando canalizar a mel-
hor estratégia de forma complexa e global. Dividir essa visão em pequenas partes para facilitar
seu estudo limita o campo de ação do conhecimento, o que significa que, para entendê-la,
não podemos ser reducionistas estudando apenas as partes, nem ser holísticos, isto é, consi-
derar que o todo é a soma das partes. Devemos adotar uma perspectiva adaptativa e reflexiva,
pois é necessário que as organizações públicas reformem suas capacidades de ajuste adaptativo
para minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente.
A gênese das ciências sociais leva em conta a complexidade do real e a diversificação das pos-
sibilidades teóricas e epistemológicas. Ela é transdisciplinar e transdimensional porque estuda
fenômenos relacionados à realidade do ser humano, integrando teorias econômicas, socioló-
gicas, de ciência política, antropologia, geografia, história, filosofia, cultura, tecnologia, entre
outras. Essas ciências focam na existência individual e coletiva, rompendo com diversos para-
digmas determinados pelas ideologias e suposições das comunidades científicas.
Para alcançar um processo interativo entre o homem e o meio ambiente no contexto social,
esse processo deve ser direcionado aos indivíduos, centrado no respeito à natureza e na cons-
ciência ambiental. Esses aspectos determinam atividades positivas sobre condicionantes rela-
cionados aos processos axiológicos, formas de organização dos coletivos, sistemas de relações
interpessoais, maneiras eficazes de enfrentar problemas socioambientais, modos de divulgar à
coletividade sentimentos, expectativas, ações formativas e o desenvolvimento de ações altruístas
e filantrópicas, entre outros.
O ser humano sempre viveu em relação íntima com seu ambiente, o que o levou a uma inte-
ração na construção do conhecimento utilizando a razão e a experiência. Da mesma forma,
em muitos momentos de sua história, ele foi o promotor de diversas abordagens nesse pro-
cesso de construção de saberes. Em outras palavras, neste caso particular, como o estudante
consegue entender os conceitos e as construções teóricas até chegar à resolução dos proble-
mas cotidianos? Quando se faz referência à construção de saberes, parte-se da visão de Platão
e Aristóteles para chegar à proposta por Morin e, eventualmente, Cury hoje.
Os pré-socráticos rompem com a verticalidade da cultura estável por meio da cognição tradi-
cionalista e dos saberes redutores. Eles seguem a necessidade de manter o pensamento filo-
sófico como centro de transmissão do conhecimento, como um instrumento de seleção
contextual, com o firme propósito de que os processos de transformação e inovação descon-
siderem os esquemas estáveis para acolher a percepção transcomplexa e transdisciplinar.
Outro aspecto a considerar é o Código de Nuremberg, que está implicitamente ligado à estru-
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tura mental do pensamento matemático, convencionalmente centrada apenas nas disciplinas
científicas, que são separadas umas das outras. Isso ajudará evidentemente na obtenção parcial
de conhecimentos. No entanto, esses conhecimentos continuarão a manter e reforçar a sepa-
ração, mesmo que se dirijam apenas ao consumo de muitas informações sem significado real
determinado e epistêmico.
No entanto, os pré-socráticos destacam o conhecimento, que constitui por sua própria natureza
uma das partes essenciais da filosofia. A importância crescente da ciência moderna a partir do
pensamento realista, bem como o sentido materialista da natureza, é vantajosa para o homem
em termos de ethos e pathos, sem se deixar governar apenas pela razão.
É importante notar que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apoia
que o desenvolvimento humano coloque as pessoas no centro do desenvolvimento. Isso sig-
nifica promover o desenvolvimento potencial das pessoas, aumentar suas possibilidades e dar-
lhes plena liberdade para viver a vida que valorizam. Levando em conta essa análise, as
sociedades humanas encontram-se em constante mudança social, não apenas devido aos
avanços tecnológicos, mas também a tudo o que diz respeito ao desenvolvimento social. Por-
tanto, o desenvolvimento humano foi se separando progressivamente da globalização econô-
mica para incorporar outros aspectos igualmente relevantes para a vida, como a cultura, que
também redefiniu seu papel frente ao desenvolvimento.
Os indícios do desenvolvimento humano e filosófico expostos, assim como a complexidade,
preveem que a crise ecológica gerará problemas ambientais locais e globais devido à super-
população, à poluição e à destruição dos recursos naturais, afetando a saúde dos ecossistemas
e do planeta como um todo, causados pela relação que os seres humanos estabeleceram com
o meio ambiente ao longo de sua história.
A importância deste artigo reside no universo da educação ambiental vinculada à filosofia dos
pré-socráticos a partir da complexidade. Em virtude dessas observações, surge a necessidade
de realizar um estudo orientado a uma análise hermenêutica de preocupação ambiental que
mostre suas relações e conduta ecológica, a importância dos pré-socráticos na natureza e os
modelos cognitivos de preocupação ambiental. Portanto, considera-se as seguintes perguntas:
(a) Por que causamos danos ao meio ambiente? Será que já não temos crenças ambientais?
(b) Por que poluímos tanto se sabemos o quanto deterioramos o planeta? Será que perdemos
os valores pessoais devido à complexidade? (c) Que diretrizes podem ser estabelecidas para
gerar uma consciência ecológica pré-socrática e devolver vida ao planeta através da renovação
da fé?
Metodologia
O desenvolvimento deste artigo surge de um estudo qualitativo de tipo hermenêutico dialético,
cujas propostas são consideradas para o cumprimento dos objetivos delineados para o pro-
cesso investigativo. Para Hurtado e Toro (2004), o método hermenêutico é o mais apropriado
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para o estudo da ação humana, envolvendo a interpretação e o estudo de fenômenos humanos
significativos para o homem e seu entorno de maneira detalhada, levando em conta a neces-
sidade que o indivíduo tem de interpretar as diversas situações que ocorrem na vida diária e
no ambiente ao seu redor para alcançar sua interpretação definitiva.
O método hermenêutico, segundo Hurtado e Toro (2004), leva em consideração as seguintes
sugestões: (a) Saber que o ser humano é, por natureza, intuitivo. (b) O discurso hermenêutico
não pode ser formalizado; tudo deve ser interpretado. (c) Novas interpretações devem ser
feitas, pois os seres humanos podem conhecer através da interação e do compromisso. (d) A
hermenêutica é desconstrutiva, porque apenas desconstruindo se reconstruirá a vida. (e) O
método hermenêutico permite que os pesquisadores troquem experiências com os sujeitos de
pesquisa, com o objetivo de obter dados que orientem os marcos conceituais e, dessa maneira,
cumpram os objetivos do método que interpreta e compreende o significado das coisas.
Além disso, este método hermenêutico é utilizado pelas ciências sociais como objeto funda-
mental para a intervenção na pesquisa, sendo aplicável não apenas à interpretação de fatos,
documentos, entre outros, mas também aos avanços científicos da realidade social, permitindo
visualizar de maneira tácita seu campo de ação, dirigindo seu estudo do comportamento hu-
mano tanto individual quanto geral, através da observação, considerando repeti-la quantas
vezes for necessário.
Resultados
Antecedentes
Osorio e Suárez (2020) em seu estudo: “A educação ambiental e energética nas teses doutorais
de Angola defendidas nas ciências pedagógicas em Cuba”, realizado na Universidade Rainha
Njinga a Mbande em Angola. Esta pesquisa fez um esboço da gênese da humanidade no sé-
culo XXI, destacando os enormes desafios a serem resolvidos, como o avanço científico-técnico
e o aumento acelerado dos problemas ambientais que afetam intensamente o planeta devido
à atuação irresponsável do ser humano. Por esta razão, a educação ambiental se torna uma
prioridade para todos os países, dependendo do nível de desenvolvimento alcançado. Portanto,
a República de Angola deve continuar os esforços para transformar a prática social em questões
ambientais, a fim de cumprir a agenda 2030 que proclama os objetivos de desenvolvimento
sustentável. Esses resultados destacam a importância do presente trabalho, ao assinalar que,
diante da capacidade de transformação e da complexidade do desenvolvimento dos diferentes
países, é necessária a educação das novas gerações para a convivência harmoniosa entre todos
os componentes do ambiente.
Arias e Ramírez (2018) apresentaram um artigo científico intitulado “A organização-empresa:
um sistema vivo? Contribuições da teoria da complexidade e da filosofia ambiental para a teoria
administrativa e organizacional”. O propósito foi compreender o fenômeno administrativo-or-
ganizacional em tempos de sociedade de organizações e crise ambiental, o que implica com-
preender a organização social tipo táxis como um sistema social vivo que estabelece relações
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complexas com seu entorno, afetando o desenvolvimento de suas operações e processos. Eles
partem da premissa de que a empresa viva é flexível em seus processos e assume o compro-
misso social organizacional como estratégia para competir e sobreviver no mercado em um
mundo em crise devido à sociedade dependente da natureza, uma organização com tantos
problemas civilizatórios do pensamento administrativo clássico na sociedade. No entanto, eles
tentam trazer uma discussão epistêmica no campo das Teorias Organizacionais e Administra-
tivas, através da lente teórica das Teorias da Complexidade e do Caos, e da Filosofia Ambien-
tal.
Educação Ambiental
Toda teoria pedagógica traz implícita um conjunto de intencionalidades educativas, princípios
axiológicos, epistemológicos, concepções sobre educadores e educandos, atendendo a dife-
rentes épocas e escolas de aprendizagem, entendendo a complexidade do ambiente como
núcleo da educação ambiental, oferecendo a multiplicidade existente de abordagens psicoló-
gicas e pedagógicas para alcançar uma concepção compartilhada, reconhecendo entre os an-
tecedentes a teoria naturalista desde meados do século XVIII.
Rousseau (citado em Leff 2006, p. 679) expõe que "deve-se exaltar a relação do homem entre
educação, escola, ciência e indústria na crise planetária". De acordo com o autor, desde o início
dos anos setenta, evidencia-se uma preocupação ecológica por parte da educação, criando-
se progressivamente conceitos e explicações críticas sobre a problemática ambiental, adquirindo
um sentido formativo.
Embora não haja uma definição única de Educação Ambiental, a maioria dos autores concorda
que essa disciplina deve ter uma abordagem integradora, holística e interdisciplinar, onde se
articulem os conhecimentos, as informações e os saberes locais; da mesma forma, deve con-
templar uma visão ética, política e pedagógica que forneça elementos teóricos e práticos para
estabelecer, fundamentar e enriquecer os conhecimentos nesta área.
Gutiérrez (2011, p. 148) define a Educação Ambiental como:
... o processo que consiste em reconhecer valores e esclarecer conceitos com o objetivo
de fomentar as aptidões e atitudes necessárias para compreender e apreciar as inter-
relações entre o homem, sua cultura e seu meio biofísico. A Educação Ambiental tam-
bém implica a prática na tomada de decisões e na própria elaboração de um código
de comportamento em relação às questões relacionadas com a qualidade do ambiente.
Por isso, a Educação Ambiental aspira a que o ser humano compreenda a natureza complexa
do ambiente resultante da interação dos componentes biológicos, físicos, sociais e culturais.
Portanto, ela deve facilitar às pessoas e comunidades os meios de interpretar a interdepen-
dência dos diversos elementos no espaço e no tempo, a fim de promover uma utilização re-
flexiva e prudente do planeta para a satisfação das necessidades da humanidade (Torres, 2006).
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Assim, deve se envolver como um processo que produz mudanças no pensamento do indivíduo
e na conduta de grupos comunitários ou sociais, mudança no social e optar por uma mudança
no conceitual, nas atitudes e valores. Além disso, a Educação Ambiental é ideológica, tem gran-
des objetivos e estabelece prioridade na prática, estando imersa em um âmbito onde diferentes
paradigmas estão presentes. Da mesma forma, deve contribuir para formar pessoas, para que
as ações que realizem não prejudiquem o ambiente ao seu redor e lhes permitam contribuir
para o desenvolvimento das comunidades em que vivem.
Considerando as ideias de Chagollan et al. (2008, p. 17), a Educação Ambiental é:
...o processo que consiste em aproximar as pessoas de uma concepção global do meio
ambiente, adquirir conhecimentos, elucidar valores e desenvolver atitudes e aptidões
que lhes permitam adotar uma posição crítica e participativa em relação às questões
relacionadas à conservação e à correta utilização dos recursos e à qualidade de vida.
Com a educação ambiental, pretende-se que os indivíduos compreendam as realidades do
meio, desenvolvam um sentido de pertencimento ao seu entorno, sejam responsáveis pelo seu
uso e conservação. Portanto, recuperar a ordem complexa do planeta exige dos docentes uma
mudança em suas atitudes epistêmicas, em suas formas de se relacionar com o ambiente, assim
como na concepção do ensino a partir da complexidade, para compreender as ações humanas
como causas e consequências da deterioração ambiental.
Tradicionalmente, o propósito da Educação Ambiental é o de transmitir conhecimentos, formar
valores, desenvolver competências e comportamentos que possam favorecer a compreensão
e a solução dos problemas ambientais. Deve ser um processo permanente que envolva a todos
e permita uma análise dos principais problemas que afetam o ambiente e a identificação de
possíveis soluções para os mesmos. Apesar da preocupação com o meio ambiente e do re-
conhecimento do papel que a educação desempenha na sua melhoria, diferentes autores pro-
põem maneiras de conceber e praticar a ação educativa neste campo, como destaca Ortega
(1998, p. 144).
A educação ambiental não é conservação da natureza, nem gestão de recursos, nem
um novo programa a ser acrescentado aos programas já sobrecarregados do sistema
escolar. Constitui uma nova abordagem das relações entre o homem e seu meio am-
biente e da maneira como ele influencia este meio. Tenta formar cidadãos responsáveis,
destinados a melhorar a qualidade de vida através da apropriação de valores ecológicos
e de convivência democrática.
O meio ambiente é, sobretudo, o próprio homem, seus pensamentos, seus sonhos, suas uto-
pias, suas crenças e, claro, tudo o que ele realiza em seu mundo. Sua relação com seu cenário
natural (a natureza) é onde residem a filosofia e a ética. Embora não seja uma realidade nova,
é um tema importante do ponto de vista humano.
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A Educação Ambiental é uma dimensão complexa da educação global, caracterizada por uma
grande diversidade de teorias e práticas que abordam a concepção de ensino e aprendizagem,
do meio ambiente e do desenvolvimento social a partir de diferentes pontos de vista. Aqui, o
meio ambiente não é apenas um tema, mas uma realidade cotidiana e vital, e essa educação
deve ser colocada no centro de um projeto de desenvolvimento humano (Sauvé 2006).
Além disso, é necessário abordá-la com uma perspectiva inter e transdisciplinar, o que implica
a abertura a diversos campos do saber, para enriquecer a análise e a compreensão das reali-
dades complexas do meio ambiente. Portanto, não pode ser desenvolvida com métodos pas-
sivos de aprendizagem; a aquisição de conhecimentos deve ser concebida como um complexo
de construção de saberes.
Nesse sentido, a Educação Ambiental pode ser caracterizada como uma visão sistêmica que
permite a participação e o desenvolvimento de atitudes e valores com uma abordagem inter-
disciplinar. Pretende-se um desenvolvimento integral nos estudantes, conjugando a aquisição
de conhecimentos específicos da área de estudo com a inter-relação com outras disciplinas.
Segundo Gutiérrez (2011, p. 13), "a planificação transdisciplinar é vista como um caminho ex-
pedito para o ensino da Educação Ambiental no contexto universitário, promovendo a com-
preensão do que foi aprendido em vez da memorização ao enfrentar situações da realidade".
A Práxis Docente na Educação Ambiental
A práxis docente na Educação Ambiental envolve a internalização do contexto social, histórico,
oficial e tecnológico em que se está inserido, para entender a influência que a teoria pode ter
nesse contexto e se orientar para a ação pertinente através da prática. Isso expressa a impor-
tância do pressuposto como elemento primordial para a solução de problemas na vida coti-
diana, o que implica a análise científica da história humana.
É nessa ação que a abordagem transdisciplinar pode contribuir na busca de uma nova ten-
dência educativa que tenha como ponto de partida os quatro (4) pilares fundamentais: apren-
der a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser; conforme delineado
no relatório Delors da Unesco. Os quatro tipos de aprendizagem são importantes no processo
educativo das ciências, contudo, deve-se dar especial ênfase ao aprender a SER para o ensino
da Educação Ambiental no nível universitário.
Filosofia dos Pré-Socráticos
Os pré-socráticos, na história da filosofia antiga, eram conhecidos como pré-platônicos e pré-
aristotélicos. Desde a sua gênese, foram considerados os primeiros pensadores do Ocidente,
aqueles que iniciaram a controvérsia filosófica. Seus representantes mais destacados são: Tales
de Mileto (640 a 545 a.C.), Anaximandro de Mileto (610/11 – 547 a.C.), Anaxímenes de Mileto
(585-528/5 a.C.), Xenófanes de Colofão (570-470 a.C.), Heráclito de Éfeso (século VI a.C. século
V), Pitágoras de Samos, Alcméon de Crotona, Parmênides (540-450 a.C.) de Eleia, Zenão de
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Eleia (464/41 a.C.), Melisso de Samos, Empédocles de Agrigento (492/90-435 a.C.), Filolau de
Crotona, Arquitas de Tarento, Anaxágoras (499-428 a.C.), Leucipo de Abdera e Demócrito de
Abdera (460-370 a.C.).
Tudo é Um e a mesma coisa, e este princípio cunhado pelos gregos vale para o Homo Sapiens
e todas as espécies que convivem no planeta Terra. Tales de Mileto (640 a 545 a.C.), considerado
como “um dos sete sábios, foi o primeiro a se dedicar à filosofia natural” (Eggers e Juliá, 1978,
p. 64). Tales não se desliga totalmente do mito, mas afirma que a água é o princípio e o fim de
tudo, atribuindo ao milesiano um elemento natural à expressão da physis.
Com este pensador, entrevejo que desde o início dos tempos tem existido uma relação har-
moniosa que vincula o homem à natureza, mostrando que a reflexão sobre o que são as coisas
e de que são feitas tem como fundamento da investigação o próprio cosmos e os componentes
dos quais também é constituído o ser humano.
Por isso, ao raciocinar sobre o fundamento que faz com que cada coisa seja o que é, o homem
se apropria dos elementos conhecidos: água, ar, terra e fogo. Esta descoberta reflexiva indica
que entre o homem e a natureza tem havido permanentemente um diálogo entre a essência
das coisas e a interação de valores comuns entre o que vemos ou observamos com o enten-
dimento.
Da mesma forma, Tales de Mileto admirava a natureza para buscar nela o arqué ou princípio
fundamental da existência das coisas. O próprio Alexandre da Macedônia é considerado um
Homo sapiens demens por sua intervenção em povos milenares que, assim como muitos ou-
tros, foram extintos, deixando-nos muito pouco de sua sabedoria ancestral.
O pensamento filosófico, segundo Gil (2015), expressa: "O pensamento como uma autêntica
antropologia filosófica dotada de um forte senso humanista, propositivo, afirmativo e essen-
cialmente crítico, tanto de uma perspectiva metodológica quanto, acima de tudo, atitudinal"
(p. 522). Isso quer dizer que a intelectualidade decisiva que as ideias colocadas na nuvem que
circunda o raciocínio do professor trazem para a autocrítica, experimentação e imaginação da
produção cognitiva. Há elementos que caracterizam esse pensamento, como a sensibilidade
às sensações recebidas, a intelectualidade do conhecimento das coisas, a compreensão do ser
e a concepção da realidade do entorno na amplitude das ideias que suas estruturas mentais
proporcionam...
Proposta
A filosofia dos pré-socráticos implica que os programas educativos ambientais se transformem
em comunidades como opção para a resolução de seus problemas ambientais, comparando
os âmbitos ecológico, econômico, social e cultural. Se for alcançada a participação sinérgica
das comunidades, isso permitirá a planificação de ações direcionadas e comprometidas com
os entes governamentais e instituições privadas, colaborando para enfrentar a hecatombe pla-
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netária que nos conduz a um limbo ecocultural.
O antropocentrismo deve ser questionado do ponto de vista ético, não apenas pela atitude
irresponsável frente ao ambiente e ao cosmos em geral, mas também por seu afã de consumo
e utilidade sem autocrítica. Da mesma forma, a visão humana, vista a partir da cosmogonia e
do homem centrado, não vai melhorar a crise devido ao seu ego em alcançar o alfa e o ômega
do planeta. É necessário que ocorra uma interação adequada entre os sistemas socioculturais,
econômicos e ecológicos que garanta uma gestão sustentável da biodiversidade.
Ao mesmo tempo, a visão complexa dos problemas ecológicos obrigará o ser humano a en-
frentá-los de maneira interdisciplinar e transdisciplinar. É nesse contexto que o trabalho sis-
têmico envolve a participação das comunidades, políticos e perspectivas gerenciais do
governo, cientistas e técnicos de universidades e institutos, pois a axiologia é o pilar da exis-
tência de valores ambientais que, metodologicamente, são difíceis de medir. Essas técnicas
de valoração não visam prodigalizar o valor da biodiversidade per se, mas sim estimativas
do valor econômico associado a certos bens ou serviços compatíveis com a conservação
planetária,
Conclusões
A modernidade é marcada pela autonomia, um fenômeno onde o pensamento reside no
homem após séculos em que a palavra era revelada pelas escrituras sagradas. É a partir do
"penso, logo existo" do filósofo René Descartes (1596-1650) que a subjetividade se torna a pos-
sibilidade de duvidar, experimentar, elaborar e construir conhecimento de maneira autônoma.
No entanto, apesar de sua inteligência, o homem não é a espécie mais poderosa de todas,
pois desde que nasce necessita dos cuidados da mãe. Seu aparato fisiológico-anatômico é in-
ferior ao de muitas espécies animais ou vegetais.
Por isso, a natureza é superior à condição humana. Montesquieu (1748, p. 8) sabiamente apon-
tava: "Mas não se pode dizer que o mundo inteligente também seja governado como o mundo
físico. E ainda: "As plantas nas quais não percebemos sentimento nem conhecimento cumprem
melhor as leis" (p. 8). Apesar de o homem, em seu afã de domínio, ter acumulado um saber
que Lorentz (1979) chama de espírito humano, este está cimentado e erigido sobre as faculda-
des primárias dos seres vivos.
As correntes filosóficas que sustentam os pré-socráticos baseiam suas concepções na fenome-
nologia e na hermenêutica. Isso sob a perspectiva que torna a observação possível não como
um fim predeterminado, como propunha a abordagem tradicional, mas podendo ter diversas
visões em função de como os filósofos estão envolvidos em seus próprios pensamentos. Eles
precisam meditar sobre a sustentabilidade não como responsabilidade política, mas como uma
necessidade ambiental que nos envolve a partir de nossas crenças ambientais para cuidar e
salvaguardar a biodiversidade e a sobrevivência da humanidade como uma espécie entre outras
que habitam o planeta Terra.
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No entanto, a formação em Educação Ambiental não tem sido vista como um processo de
aprendizagem no qual se transmitam conhecimentos, valores, habilidades e experiências a
todos os grupos sociais através das instituições educativas, dos meios de comunicação, das or-
ganizações governamentais e das não governamentais que buscam resolver problemas am-
bientais por meio de ações de caráter individual e coletivo.
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