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José Luis Duarte Ramírez
Revista Digital de Investigación y Postgrado, 5(10), 81-92
ISSN electrónico: 2665-038X
Chama-se idealismo, segundo Ferrater (1985), a toda doutrina e a toda atitude segundo a qual
o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que devem reger-se as ações humanas, são
os ideais, realizáveis ou não, mas quase sempre imaginados como realizáveis. Desde essa pers-
pectiva, o idealismo se contrapõe ao realismo, entendido este último como a doutrina ou sim-
plesmente a atitude segundo a qual o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que
devem reger-se as ações humanas, são as realidades, os fatos constantes e sonantes. Esse sen-
tido do idealismo costuma ser ético ou político, ou ambas as coisas ao mesmo tempo.
Ao fazer referência ao idealismo, nos deparamos com duas tendências: por um lado, o idea-
lismo objetivo ou lógico (de Platão, Leibnitz, Hegel e outros filósofos), no qual os objetos são
engendrados, de uma forma ou de outra, por fatores, causas, crenças ou ideias que são inde-
pendentes da consciência humana. Por outro lado, está o idealismo subjetivo (de Berkeley, em
particular), no qual os objetos que conhecemos correspondem às nossas sensações: a existência
dos objetos consiste em ser percebidos. Eles são apenas ideias; daí o termo idealismo.
Por sua vez, Kant baseou seu idealismo transcendental no argumento segundo o qual o con-
hecimento se apoia em sensações referidas a um mundo composto de fenômenos (que de-
nomina coisas em si). No entanto, embora a mente, a razão, não possa impor uma estrutura à
realidade como tal, pode fazê-lo sobre as aparências, já que ela (a razão) possui certas cate-
gorias a priori (como substância e causa) que são independentes de toda experiência sensorial.
De acordo com essas afirmações, Kant insistia que sua posição não lançava nenhuma dúvida
sobre a ciência e que, pelo contrário, era a única fórmula para salvá-la do ceticismo. A ciência
diz a verdade, afirmava, mas apenas a verdade sobre as aparências.
O Racionalismo
Existem várias formas de racionalismo, como o metafísico (toda a realidade é de caráter racio-
nal), psicológico (o pensamento é superior às emoções e à vontade) e o racionalismo gnoseo-
lógico ou epistemológico, cujos conceitos centrais têm maior pertinência com nosso tema dos
pressupostos filosóficos das ciências sociais. Nessa forma, o racionalismo afirma que é possível
conhecer a realidade mediante o pensamento puro, sem necessidade de nenhuma premissa
empírica. Em essência, essa é a posição de três dos mais destacados representantes do racio-
nalismo: Descartes, Leibniz e Spinoza. Por exemplo, Descartes provou a existência de Deus e
do mundo físico a partir da premissa racionalmente indubitável “penso, logo existo”.
O conhecimento é propriamente tal quando tem necessidade lógica e validade universal. Só a
razão pode permitir dizer que uma coisa é como é e não pode ser de outra maneira. Só a
razão tem a capacidade de obter por si mesma, mediante a dedução a partir das ideias inatas,
outros conhecimentos do tipo “todo efeito tem uma causa”, que é evidente pois estabelece
uma relação necessária. Esses conceitos recebem o nome de juízos sintéticos, que por terem
sua origem na razão são conhecimentos a priori.
Importante é reconhecer as diversas formas que o racionalismo moderno assumiu, no entanto,