Papel da Epistemologia na
Produção Científica
Papel de la Epistemología en la
Producción Científica
Como citar: Duarte, R. J. L. (2024). Papel da Epistemologia na Produção Científica. Revista Digital
de Investigación y Postgrado, 5(10), 185-198.
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José Luis Duarte Ramírez*
https://orcid.org/0000-0002-4834-8431
Yopal, Departamento de Casanare - Colômbia
* Doutor em Ciências da Educação, Universidade Nacional Experimental dos Llanos Ocidentais Ezequiel Zamora
(Unellez - Venezuela). Magister Scientiarum em Educação com Ênfase em Gerência e Planejamento, Unellez. Es-
pecialista em Pedagogia para o Desenvolvimento da Inteligência, Fundação Universitária de San Gil – UNISANGIL.
Técnico Laboral em Teologia Superior com Ênfase em Administração Eclesial, Associação Fraternidade Latino-
Americana de Estudos Teológicos, AFLET. Licenciado em Educação Básica Primária, Universidade Pedagógica e
Tecnológica da Colômbia, UPTC. Bacharel Pedagógico da Escola Normal Nacional para Meninos. Coordenador
Acadêmico, Instituição Educativa Manuela Beltrán. Yopal, Casanare - Colômbia. Email: joseluisduarte01@gmail.com
Revista Digital de Investigación y Postgrado, 5(10), 185-198
ISSN eletrônico: 2665-038X
Recebido:
Março / 8 / 2024
Revisado:
Março/ 11 / 2024
Aprovado:
Abril / 23 / 2024
Resumo
O ensaio analisa a importância da epistemologia na produção científica. A epistemologia busca
entender as coisas em sua essência e causas, refletindo sobre a criação do conhecimento e as
disciplinas científicas. Este enfoque transforma convicções ontológicas e gnoseológicas em pa-
drões de trabalho científico, vinculados a diferentes comunidades científicas. Assim, possibilita
manejar perspectivas para conceber, desenvolver e avaliar processos científicos, abrangendo a
produção de pesquisas e tendências epistemológicas. A ciência, em constante evolução, de-
senvolveu uma relação íntima com a reflexão epistemológica. O paradigma positivista se aplica
através do sistema de investigação hipotético-dedutivo, enquanto os enfoques dialético-crítico
e interpretativo o fazem mediante a investigação hermenêutica. A produção científica, um pro-
cesso social organizado e institucionalizado, tem nas comunidades científicas seus protagonis-
tas, ressaltando a relevância da epistemologia nesse contexto.
Palavras-chave: Epistemologia, paradigmas da investigação, produção científica.
Resumen
El ensayo analiza la importancia de la epistemología en la producción científica. La epistemología
busca entender las cosas en su esencia y causas, reflexionando sobre la creación del conoci-
miento y las disciplinas científicas. Este enfoque transforma convicciones ontológicas y gnoseo-
lógicas en estándares de trabajo científico, vinculados a distintas comunidades científicas. Así,
posibilita manejar perspectivas para concebir, desarrollar y evaluar procesos científicos, abar-
cando la producción de investigaciones y tendencias epistemológicas. La ciencia, en constante
evolución, ha desarrollado una relación íntima con la reflexión epistemológica. El paradigma po-
sitivista se aplica a través del sistema de investigación hipotético-deductivo, mientras que los
enfoques dialéctico-crítico e interpretativo lo hacen mediante la investigación hermenéutica. La
producción científica, un proceso social organizado e institucionalizado, tiene a las comunidades
científicas como protagonistas, resaltando la relevancia de la epistemología en este contexto.
Palabras clave: Epistemología, paradigmas de la investigación, producción científica.
Introdução
A epistemologia, como ciência do conhecimento, filosofia da ciência ou teoria da investigação,
nos proporciona as ferramentas e orientações nos processos de pesquisa em busca de novos
conhecimentos que respondam às múltiplas perguntas que fazemos sobre nossa realidade.
Muitos autores definem a epistemologia como a parte da ciência que tem como objetivo a
construção do conhecimento científico, que deve ser reconhecido pela própria comunidade
científica.
O homem, como protagonista da existência universal, elabora explicações sobre os objetos e
processos que compõem sua realidade; por essa razão, podemos dizer que o homem é um
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sujeito cognoscente que contrasta permanentemente as explicações metafísicas com seus con-
hecimentos empíricos para encontrar respostas às realidades presentes de sua existência.
A ciência busca a verdade por meio de procedimentos rigorosos e exaustivos, mas também se
sabe que a ciência, por natureza, não é objetiva. Parte de um sujeito cognoscente, requer algo
que a vigie, que a controle e garanta que se aproxima da realidade. É no contexto de alcançar
esse objetivo que surge a epistemologia. Esta se apoia e está sustentada em uma análise de
caráter científico, pois estuda a prática científica, e, sendo a ciência um processo cumulativo,
os estudos realizados devem ser concebidos em “processo de devir, ou seja, de uma “ciência
em construção.
A produção científica é concebida como a forma pela qual se expressa o conhecimento resul-
tante do trabalho intelectual mediante pesquisa científica em uma determinada área do saber,
publicada ou inédita; que contribui para o desenvolvimento da ciência como atividade social.
A produção científica é um processo social que ocorre de maneira organizada ou instituciona-
lizada, tendo como protagonistas as comunidades científicas, ou seja, as coletividades físicas
ou virtuais formadas por cientistas de diferentes disciplinas, que interagem entre si para gerar,
divulgar, discutir e criticar ideias, dados, problemas, hipóteses, teorias, perguntas e respostas.
O processo de produção científica abrange atividades muito diversas e inclui a elaboração e
discussão de conceitos e proposições teóricas, a obtenção de análises e dados empíricos, e a
circulação de tudo isso entre os cientistas na forma de documentos formais que contribuem
para a comunicação científica. Por isso, no presente ensaio, propõe-se analisar a importância
da epistemologia na produção científica.
Epistemologia: Conceitos
Ao referir-se à epistemologia, é necessário fazer uma breve revisão dos conceitos básicos que
a explicam, uma vez que há um consenso mínimo generalizado de que esta tem a ver com o
conhecimento. Para alguns, a epistemologia estuda o conhecimento em geral, do ponto de
vista filosófico, sendo aproximadamente sinônimo de “gnoseologia”. Para outros, a epistemo-
logia se restringe a um dos tipos de conhecimento - o científico - tornando-se sinônimo de
expressões como: “Filosofia da Ciência”, “Teoria da Ciência”, “Teoria da Investigação Científica”,
entre outras.
A epistemologia, ou filosofia da ciência, é a rama da filosofia que estuda a investigação científica
e seu produto, o conhecimento científico. Mera folha do tronco da filosofia por bastante tempo,
a epistemologia é hoje uma rama importante do mesmo. A epistemologia se tornou, em suma,
uma área importante da filosofia, tanto conceitual quanto profissionalmente. Por isso, é impor-
tante saber o que é e para que serve ou poderia servir.
Nessa perspectiva, a epistemologia tem por objeto conhecer as coisas em sua essência e causas,
derivando-se da palavra grega episteme, entendida como o conjunto de conhecimentos que
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condicionam as formas de entender e interpretar o mundo em determinadas épocas. Nesse
sentido, Tamayo (1997, p. 23-24) afirma que “o enfoque atual da epistemologia a situa como
teoria do conhecimento científico, e se caracteriza por seu método, o qual nos leva a formular
problemas científicos, razão pela qual pode-se dizer que a epistemologia da ciência é o método
científico.
A epistemologia é uma reflexão sobre a produção das disciplinas científicas e do conhecimento
científico. Nesse sentido, Brunet e Morell (2001, p. 32) a definem como:
Reflexão sobre o que as disciplinas científicas estão produzindo, tentando avaliar a na-
tureza e qualidade de seu conhecimento científico, a verdade ou falsidade de suas teo-
rias, como provêm explicações adequadas ou qual é a estrutura formal e conceitual de
suas teorias, ou qual relação deve haver entre a explicação e a predição de um fenô-
meno. Além de levantar o problema da escolha entre diversos métodos e, claro, ques-
tionar-se sobre a natureza das regularidades e leis científicas.
Considerando que um primeiro passo da investigação científica é aprofundar nos antecedentes
do tema escolhido, conhecer a epistemologia nos colocará um passo adiante. No entanto, a
utilidade científica da epistemologia reside no papel que desempenha no processo de investi-
gação científica, e como este processo tem muitas partes, a epistemologia mostra um correlato
com, pelo menos, a maioria delas.
Nesse sentido, Cazau (2011, p. 111), um dos significados mais importantes do termo epistemo-
logia é o referido ao estudo da ciência, e a esse respeito afirma que:
Um epistemólogo estuda o que fazem os cientistas para estudar a realidade e o que os
diferencia dos não-cientistas, como e por que constroem suas teorias sobre o mundo,
que métodos utilizam, como tentam provar suas hipóteses, quais características especiais
tem a linguagem científica, que raciocínios empregam e em que medida a pesquisa é
influenciada pelas cosmovisões de cada época e por determinantes políticas, econômi-
cas, etc. O epistemólogo estuda as ferramentas do cientista, seus métodos, sua lógica,
entre outros aspectos.
Enfoques Epistemológicos
No contexto desse percurso epistemológico, Padrón (2007, p. 5) sintetiza os critérios episte-
mológicos em duas variáveis: uma de tipo gnoseológico, referida às convicções sobre a fonte
do conhecimento, simplificada em dois valores: empirismo/racionalismo; e outra de tipo onto-
lógico, referida às convicções sobre as relações do sujeito com a realidade, também derivada
em dois valores: idealismo/realismo. Da perspectiva do autor citado, o cruzamento dessas va-
riáveis nos leva a quatro Enfoques Epistemológicos: o enfoque empirista-realista (medições,
experimentações, indução controlada...), o enfoque empirista-idealista (etnografia, designs de
convivência, indução reflexiva...), o enfoque racionalista-realista (abstrações, sistemas lógico-
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matemáticos, dedução controlada...) e o enfoque racionalista-idealista (interpretações livres,
linguagens amplas, argumentação reflexiva...), como mostrado na tabela.
Tabela 1
Abordagens epistemológicas
Nota: Padrón (2007).
Nesse sentido, o enfoque epistemológico se traduz em uma função que transforma determi-
nadas convicções de fundo, as quais são inobserváveis, de tipo ontológico e gnoseológico, em
determinados padrões de trabalho científico. Esses padrões estão associados às distintas co-
munidades científicas, uma vez que esses enfoques epistemológicos possibilitam o manejo das
perspectivas desde as quais se concebem, desenvolvem e avaliam os processos científicos, in-
cluindo a produção de pesquisas, bem como as tendências na evolução epistemológica.
A epistemologia estuda as circunstâncias históricas, psicológicas e sociológicas que levam à
obtenção do conhecimento científico, bem como os critérios pelos quais este é invalidado.
Além disso, foca na definição clara e precisa dos conceitos epistêmicos mais usados, entre os
quais se destacam os conceitos de verdade, objetividade, realidade ou justificação. A episte-
mologia analisa, avalia e critica o conjunto de problemas que apresenta o processo de produção
do conhecimento científico. Assim, por exemplo, aborda questões que concernem à definição
e caracterização dos conceitos científicos e o problema da construção dos termos teóricos da
ciência.
O Idealismo
O idealismo é, em geral, a escola oposta ao materialismo e ao realismo. Em oposição a este
último, sustenta que os objetos físicos não podem ter existência à parte de uma mente que
seja consciente deles. Em sua longa história, o idealismo assumiu muitas variantes e expressões,
mas todas elas podem ser caracterizadas pela importância central dada à consciência, às ideias,
ao pensamento, ao sujeito, ao eu, no processo do conhecimento.
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Variáveis Gnoseológicas
Variáveis Ontológicas Empirismo Racionalismo
Idealismo
Etnografia, design de convi-
vência, indução reflexiva…
Interpretações livres, lingua-
gens amplas, argumentação
reflexiva…
Realismo
Medições, experimentações,
indução controlada
Abstrações, sistemas lógico-
matemáticos, dedução con-
trolada…
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Chama-se idealismo, segundo Ferrater (1985), a toda doutrina e a toda atitude segundo a qual
o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que devem reger-se as ações humanas, são
os ideais, realizáveis ou não, mas quase sempre imaginados como realizáveis. Desde essa pers-
pectiva, o idealismo se contrapõe ao realismo, entendido este último como a doutrina ou sim-
plesmente a atitude segundo a qual o mais fundamental, e aquilo pelo qual se supõe que
devem reger-se as ações humanas, são as realidades, os fatos constantes e sonantes. Esse sen-
tido do idealismo costuma ser ético ou político, ou ambas as coisas ao mesmo tempo.
Ao fazer referência ao idealismo, nos deparamos com duas tendências: por um lado, o idea-
lismo objetivo ou lógico (de Platão, Leibnitz, Hegel e outros filósofos), no qual os objetos são
engendrados, de uma forma ou de outra, por fatores, causas, crenças ou ideias que são inde-
pendentes da consciência humana. Por outro lado, está o idealismo subjetivo (de Berkeley, em
particular), no qual os objetos que conhecemos correspondem às nossas sensações: a existência
dos objetos consiste em ser percebidos. Eles são apenas ideias; daí o termo idealismo.
Por sua vez, Kant baseou seu idealismo transcendental no argumento segundo o qual o con-
hecimento se apoia em sensações referidas a um mundo composto de fenômenos (que de-
nomina coisas em si). No entanto, embora a mente, a razão, não possa impor uma estrutura à
realidade como tal, pode fazê-lo sobre as aparências, já que ela (a razão) possui certas cate-
gorias a priori (como substância e causa) que são independentes de toda experiência sensorial.
De acordo com essas afirmações, Kant insistia que sua posição não lançava nenhuma dúvida
sobre a ciência e que, pelo contrário, era a única fórmula para salvá-la do ceticismo. A ciência
diz a verdade, afirmava, mas apenas a verdade sobre as aparências.
O Racionalismo
Existem várias formas de racionalismo, como o metafísico (toda a realidade é de caráter racio-
nal), psicológico (o pensamento é superior às emoções e à vontade) e o racionalismo gnoseo-
lógico ou epistemológico, cujos conceitos centrais têm maior pertinência com nosso tema dos
pressupostos filosóficos das ciências sociais. Nessa forma, o racionalismo afirma que é possível
conhecer a realidade mediante o pensamento puro, sem necessidade de nenhuma premissa
empírica. Em essência, essa é a posição de três dos mais destacados representantes do racio-
nalismo: Descartes, Leibniz e Spinoza. Por exemplo, Descartes provou a existência de Deus e
do mundo físico a partir da premissa racionalmente indubitável “penso, logo existo.
O conhecimento é propriamente tal quando tem necessidade lógica e validade universal. Só a
razão pode permitir dizer que uma coisa é como é e não pode ser de outra maneira. Só a
razão tem a capacidade de obter por si mesma, mediante a dedução a partir das ideias inatas,
outros conhecimentos do tipo “todo efeito tem uma causa”, que é evidente pois estabelece
uma relação necessária. Esses conceitos recebem o nome de juízos sintéticos, que por terem
sua origem na razão são conhecimentos a priori.
Importante é reconhecer as diversas formas que o racionalismo moderno assumiu, no entanto,
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estas se afastam das pretensões mais extremas do racionalismo que surgiram nos séculos XVII
e XVIII. No entanto, mantém-se a relevância que a razão teve no conhecimento da realidade
dentro dos diversos usos do termo “racionalismo. A essas correspondem, entre outras, as po-
sições epistemológicas de Gastón Bachelard e de Karl Popper, que destacam o papel da razão
e da experiência empírica na investigação científica.
O Empirismo
O empirismo é uma escola filosófica que sustenta que todo conhecimento se baseia na expe-
riência, afirmação que se opõe diretamente ao racionalismo, para o qual o conhecimento pro-
vém, em grande medida, da razão. Para o empirismo radical, a mente é como uma "tábula
rasa" que se limita a registrar a informação que vem da experiência. Existem três tipos de em-
pirismo: 1) o psicológico, para o qual o conhecimento se origina totalmente na experiência; 2)
o empirismo gnoseológico, que sustenta que a validade de todo conhecimento tem sua base
na experiência; e 3) o empirismo metafísico, segundo o qual não há outra realidade além da-
quela que provém da experiência e, em particular, da experiência sensível. Esta corrente foi de-
senvolvida por alguns filósofos ingleses, entre os quais se destacam Locke, Hume e Mill.
O empirismo nega a existência de ideias inatas, invocadas pelos racionalistas, segundo os quais
estas podem ser decompostas em conceitos mais simples derivados da experiência ou, então,
esses conceitos não são genuínos, já que não se lhes pode atribuir nenhum significado. Nesse
mesmo sentido, segundo os racionalistas, os empiristas negam que haja verdades necessárias
a priori; mas baseados na experiência, diferentemente dos racionalistas, para quem esses juízos
seriam verdades autoevidentes, válidas independentemente da experiência. Finalmente, o em-
pirismo rejeita toda metafísica e, de maneira inversa, dá à ciência um alto valor como meio su-
perior de adquirir conhecimentos.
Vale destacar que uma parte importante da pesquisa em ciências sociais tem suas bases em al-
guns pressupostos principais do empirismo, como o valor atribuído à experiência como origem
do conhecimento e como instância final de comparação das teorias. É por isso que, justamente,
ao reconhecer que a ciência é composta de teorias, o empirismo científico reconhece o papel
da razão na prática científica e no desenvolvimento da ciência. Um dos pensadores mais desta-
cados que se situa nesta posição é Émile Durkheim, que, para seus opositores, é um dos mais
destacados empiristas dentro das ciências sociais, sendo também reconhecido como um posi-
tivista, devido à importância que deu ao método das ciências naturais na pesquisa social.
O Realismo
Assim como nas escolas filosóficas tratadas anteriormente, é possível distinguir vários tipos de
realismo. Como realismo metafísico, o termo realismo foi utilizado pela primeira vez para de-
signar a posição segundo a qual as ideias gerais ou universais, como se dizia então, têm exis-
tência real, independentemente de serem pensadas ou não. Como realismo gnoseológico,
afirma que o conhecimento é possível sem que a consciência precise impor suas próprias ca-
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tegorias à realidade. Dentro dessa corrente encontram-se filósofos e epistemólogos como Ber-
trand Russell, G. E. Moore e Mario Bunge, entre os contemporâneos. Todos eles se opõem a
toda forma de idealismo.
No contexto do realismo gnoseológico, distinguem-se três versões: 1) o realismo ingênuo, para
o qual o conhecimento é uma reprodução exata da realidade; 2) o realismo crítico, que afirma
que não podemos aceitar sem crítica o conhecimento dado pelos sentidos, pois devemos sub-
meter tal conhecimento a exame para comprovar em que medida corresponde à realidade tal
como ela é; tal exame aproxima esse tipo de realismo do racionalismo; e 3) o realismo científico,
para o qual é a ciência que proporciona o melhor conhecimento da realidade; nela, a razão e
a experiência são necessárias para conhecer a verdade. Segundo seu princípio básico, o racio-
nalismo científico rejeita outro tipo de conhecimento que pretenda ter o valor de verdade,
como o conhecimento ordinário, o conhecimento religioso, o conhecimento místico e o me-
tafísico.
Com base nessas considerações, Bunge (1981: 29) tende, desde a posição do realismo científico,
à qual adere, a construir uma ponte para o materialismo na forma indicada a seguir: "Todo
este material é mutável, pelo menos no que se refere à sua posição em relação a outros entes
materiais. Para dizê-lo de forma negativa, em nenhum momento a ciência afirmou a imutabi-
lidade da matéria". A partir daí, tem-se que a ciência contemporânea pode ser caracterizada
como o estudo de objetos materiais por meio do método científico, com o objetivo de encon-
trar e sistematizar as leis desses objetos. Em outras palavras, a pesquisa científica pressupõe
uma ontologia materialista e também a enriquece.
O Materialismo
Em termos gerais, o materialismo é a doutrina (ou doutrinas) segundo a qual tudo o que existe
é matéria, ou seja, existe, em última instância, apenas um tipo de realidade, que é a realidade
material. A matéria é, assim, o fundamento de toda a realidade e a causa de todas as transfor-
mações que ocorrem nela. No século XX, o materialismo é representado principalmente pelo
materialismo dialético e pelo fisicalismo. O materialismo dialético é a posição filosófica de Marx
e Engels.
O materialismo dialético tem como uma de suas preocupações centrais a mudança da reali-
dade. Consequentemente, considera o mundo como um processo no qual, historicamente,
surgem fenômenos novos e cada vez mais complexos a partir dos mais simples, seguindo as
leis da dialética: a) a lei da transformação de mudanças quantitativas em qualitativas; b) a lei
da interpenetração dos opostos, que reconhece a existência de contradições na natureza; e c)
a lei da negação da negação, ou seja, uma situação dada é substituída por outra, de modo
que o novo surge da negação da situação anterior e esta é novamente negada e substituída
por outra nova situação.
O termo dialética na filosofia de Marx e Engels deriva do conceito de Hegel para referir-se ao
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processo de mudança na história e na natureza. Mas, enquanto para este último a base de tal
processo era o espírito, para os primeiros essa base era a matéria. Daí que se diga que a dia-
lética de Hegel foi posta de cabeça para baixo por Marx e Engels. O fisicalismo é uma forma
de materialismo que surgiu no século XX, cujos proponentes procedem do positivismo lógico,
conhecido como círculo de Viena; de acordo com os pressupostos deles, um enunciado só
tem significado se puder ser verificado. Ao referir-se a enunciados de tipo psicológico, estes só
têm significado se expressos em uma conduta corporal. Desse modo, convém notar que o
comportamentalismo, que admite apenas os dados que podem ser observados, é uma forma
de fisicalismo.
Paradigmas da Pesquisa Social
O termo paradigma constitui uma das categorias mais debatidas, analisadas e incorporadas
ao discurso da comunidade científica, que ao longo do tempo teve um grande auge e desen-
volvimento, e no caso particular da pesquisa social, como processo científico de investigação,
teve avanços. Este termo foi amplamente divulgado e assimilado pelas ciências sociais a partir
da década de sessenta com a publicação da obra “A Estrutura das Revoluções Científicas” de
Thomas Kuhn. Nessa obra, apesar de introduzir o termo paradigma ao debate, desde sua apa-
rição apresenta uma grande polissemia de acepções e aplicações, ao ponto de seu autor, em
uma ampliação do referido texto editado em 1978, chamado “Segundos Pensamentos sobre
Paradigmas”, tentar delimitar e clarificar seu sentido e significado.
A esse respeito, Kuhn (1975, p. 13), ao referir-se ao termo paradigma, aponta:
(...) O mais importante é que, ao passar um ano em uma comunidade composta prin-
cipalmente por cientistas sociais, enfrentei problemas imprevistos sobre as diferenças
entre essas comunidades e as dos cientistas naturais entre os quais fui treinado. Princi-
palmente, fiquei surpreso com o número e a extensão dos desacordos evidentes entre
os cientistas sociais sobre a natureza de problemas e métodos científicos aceitos (...) Ao
tentar descobrir a origem dessa diferença, reconheci o papel desempenhado na pes-
quisa científica pelo que desde então chamo de paradigmas. Considero estes como re-
alizações científicas universalmente reconhecidas que, durante certo tempo, fornecem
modelos de problemas e soluções a uma comunidade científica.
A referida obra de Kuhn teve grandes repercussões e gerou discussões permanentes que cres-
ceram desde o momento de sua aparição até o presente, e a partir daí, foram produzidas crí-
ticas, precisões, esclarecimentos, interpretações e reelaborações que giram em torno do termo
paradigma, o que não minimiza a transcendência, o impacto e o reconhecimento que o mesmo
teve no âmbito da comunidade científica social.
Levando em consideração o interesse relacionado ao conceito de paradigma manifestado por
alguns pesquisadores das ciências sociais e humanas, o que fez proliferar a pluralidade de po-
sições em relação ao mesmo. A esse respeito, Paz (2003, p.78), argumenta que:
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Desde Kuhn, aceita-se um evidente relativismo nos critérios de demarcação entre a ciência e a
não-ciência. Frente à assertiva racionalista de que existem critérios lógicos, universais e ahistó-
ricos para avaliar a cientificidade das teorias, surge cada vez mais forte a convicção de que o
único critério possível é a aprovação consensual da comunidade de cientistas.
O conhecimento dos paradigmas de pesquisa nos ajuda a situar e entender melhor o modelo
ou modelos metodológicos nos quais nos propomos a enquadrar um estudo empírico. A re-
alização de uma pesquisa exige compreender os fenômenos que se desenvolvem para gerar
propostas de melhoria permanente dentro de um contexto de profissionais, pesquisadores e
alunos que compartilham concepções próximas sobre os enfoques adotados em uma pesquisa.
Nesse sentido, parte-se de uma realidade e seu enfrentamento é feito a partir de uma posição
paradigmática determinada. A esse respeito, Pérez (1994, p. 15), sustenta que:
A realidade implica um processo metodológico que é necessário conhecer [...]. A pes-
quisa da realidade social deve ser uma atividade sistemática e planejada, cujo propósito
consiste em fornecer informações para a tomada de decisões visando melhorar ou
transformar a realidade, facilitando os meios para realizá-la.
A partir dessas posições, ciência e filosofia redefinem seus lugares nos esquemas do saber, pois
se estabelece a ideia da identificação da ciência com o saber seguro e demonstrado, em con-
traposição ao saber comum, à religião e à especulação. A propósito do exposto, apresentam-
se alguns elementos dos paradigmas fundamentais para a produção científica nas ciências
sociais: positivismo, interpretativo e o sociocrítico.
O Positivismo
O positivismo iniciou-se como um modelo de pesquisa nas ciências físicas ou naturais e pos-
teriormente foi adotado no campo das ciências sociais. Foi Auguste Comte quem batizou o
nascimento do positivismo quando, em 1849, publicou seu "Discurso sobre o Espírito Positivo",
o que gerou o grande início do paradigma positivista na pesquisa.
O paradigma positivista, também denominado quantitativo, empírico-analítico, racionalista, tor-
nou-se o paradigma dominante e, apesar do surgimento de outros paradigmas que se opõem a
ele, continua sendo o paradigma hegemônico devido à sua marcada presença nos processos in-
vestigativos tanto nas ciências naturais quanto nas ciências sociais, com particular presença nas
ciências da educação. Este paradigma é considerado uma escola filosófica que defende determi-
nados pressupostos sobre a concepção do mundo e o modo de conhecê-lo. É importante recon-
hecer que este paradigma investigativo aceita como único conhecimento válido o conhecimento
verificável, mensurável e visível. Também vale destacar que o positivismo não aceita a pertinência
de outras perspectivas, de outros procedimentos metodológicos e outros tipos de conhecimentos
de interpretação da realidade; o que importa dessa cosmovisão é a quantificação.
Ricoy (2006, p. 14) indica que o “paradigma positivista é qualificado como quantitativo, empí-
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rico-analítico, racionalista, sistemático gerencial e científico-tecnológico. Portanto, o paradigma
positivista sustentará a pesquisa que tem como objetivo comprovar uma hipótese por meios
estatísticos ou determinar os parâmetros de uma determinada variável mediante a expressão
numérica. O positivismo iniciou-se como um modelo de pesquisa nas ciências físicas ou naturais
e posteriormente foi adotado no campo das ciências sociais.
Nesse mesmo sentido, a pergunta metodológica. Desde o paradigma positivista, as respostas
a uma pergunta de pesquisa são interessantes, desde que possam ser realizadas medições
sobre o fenômeno de estudo. Nessa perspectiva, são válidos os métodos experimentais, nos
quais se manipulam de forma intencional as variáveis independentes em diversos níveis de ex-
perimentação.
Paradigma Interpretativo
No contexto do estudo da epistemologia como conhecimento científico, encontramos uma
série de paradigmas entendidos como o conjunto de crenças e atitudes com um esquema teó-
rico de perseguição e compreensão do mundo utilizado por um grupo de cientistas. Nesse
contexto, surge o paradigma interpretativo como uma alternativa às limitações do paradigma
positivista no campo das Ciências Sociais e da Educação, ao considerar as diferenças dessas
com relação às Ciências Naturais. Este paradigma tem seus antecedentes históricos na feno-
menologia, no interacionismo simbólico interpretativo, na etnografia, na antropologia, etc. Seus
impulsores surgem da escola alemã e considera-se Husserl seu fundador. Entre seus autores
mais representativos estão: Dilthey, Baden, Berger, Schutz, Mead, Blumer e Lukman.
O caráter qualitativo que caracteriza o paradigma interpretativo busca aprofundar a pesquisa,
propondo designs abertos e emergentes desde a globalidade e contextualização. As técnicas
de coleta de dados mais usuais são a observação participativa, histórias de vida, entrevistas,
diários, cadernos de campo, perfis, estudo de caso, entre outras. De acordo com Ricoy (2005,
p. 136); “Tanto as conclusões quanto a discussão que geram as pesquisas que compartilham a
doutrina do paradigma interpretativo estão ligadas fundamentalmente a um cenário educativo
concreto, contribuindo também para compreender, conhecer e agir frente a outras situações”.
Tal como expressa Pérez (2004: 26), o paradigma interpretativo emerge como:
...alternativa ao paradigma racionalista, pois nas disciplinas de âmbito social existem di-
ferentes problemáticas, questões e restrições que não podem ser explicadas nem com-
preendidas em toda sua extensão a partir da metodologia quantitativa. Esses novos
enfoques procedem fundamentalmente da antropologia, etnografia, interacionismo sim-
bólico, etc. Várias perspectivas e correntes contribuíram para o desenvolvimento dessa
nova era, cujos pressupostos coincidem no que tem sido chamado de paradigma her-
menêutico, interpretativo-simbólico ou fenomenológico.
Talvez a razão que leva a essa multiplicidade de termos para denominar o paradigma inter-
pretativo de pesquisa seja porque sua base epistemológica é o construcionismo. Seu enfoque
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é qualitativo, cujo objetivo é o desenvolvimento de conceitos que ajudem a compreender os
fenômenos sociais em meios naturais, dando a devida importância às intenções, experiências
e opiniões de todos os participantes.
Paradigma Socio Crítico
Este paradigma se contextualiza em uma prática investigativa caracterizada por uma ação-re-
flexão-ação, que implica que o pesquisador busque gerar uma mudança e libertação de opres-
sões em um determinado contexto social. Segundo Ricoy (2006, p. 23), “a busca de
transformação social se baseia na participação, intervenção e colaboração a partir da reflexão
pessoal crítica na ação.
Os aspectos que caracterizam o paradigma crítico, segundo Escudero (1987), são: (1) possuir
uma visão holística e dialética do que se concebe como real; (2) a relação entre o pesquisador
e o fenômeno de estudo se caracteriza pelo fato de que todos os sujeitos que participam no
processo investigativo são ativos e comprometidos com a mudança social; (3) o processo in-
vestigativo se gera na ação, ou seja, na prática, e a partir desse ponto se parte para a com-
preensão social das necessidades, problemas e interesses do grupo humano que está em
estudo; (4) a busca de uma transformação das estruturas sociais, baseada na libertação e eman-
cipação dos indivíduos que compõem o contexto social da pesquisa.
Este paradigma crítico ou sociocrítico é definido por Jiménez (2003, p. 197) como:
uma estratégia que o homem deu a si mesmo para não só descrever, explicar, prever
(positivistas), interpretar e compreender (hermenêuticos), mas também para agir e trans-
formar esse mundo em prol de fazer o homem e seu mundo mais justo e livre.
Sob essa perspectiva, este autor afirma que o paradigma sociocrítico está fundamentado na
ciência social crítica e na teoria crítica social proposta, entre outros, por Habermas (1987), Carr
e Kemmis (1988), e transcende a interpretação porque pretende aportar transformações às re-
alidades em estudo. Daí ser imprescindível explicar as condições sociopolíticas subjacentes às
problemáticas estudadas para incorporar alternativas além do interpretativo e buscar as raízes
dos problemas educacionais com a aspiração de transformar as estruturas sociais que impedem
o desenvolvimento da equidade e igualdade social.
Atualmente, o debate epistemológico tende a um ponto de esclarecimento sobre o alcance
relativo dos enfoques quantitativo e qualitativo. Ao situar processos de pesquisa recentes, ob-
serva-se que neles se assiste à superação progressiva de ambos os enfoques, integrando-os
para favorecer o uso seletivo e qualificado dos diferentes procedimentos, técnicas e instrumen-
tos que os compõem. Essa situação, que é geral no campo das ciências sociais, apresenta-se
com especial força no âmbito da pesquisa educacional.
Sob a denominação de paradigma sociocrítico, agrupa-se uma gama de métodos de pesquisa
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nascidos como resposta às tradições neopositivistas e naturalistas em geral, e sob a pretensão
de superar o reducionismo das primeiras e o conservadorismo das segundas, propõe-se a pos-
sibilidade de uma ciência social que não seja nem puramente empírica nem unicamente inter-
pretativa.
O paradigma sociocrítico inclui posições neomarxistas, críticas e de pesquisa participante em
geral. Alguns autores o situam como uma proposta particular dentro do paradigma naturalista,
mas sua orientação para a solução de problemas práticos e seu marcado acento na mudança
social e no caráter participativo dos processos de pesquisa, lhe conferem uma particularidade
que justifica entendê-lo como um paradigma distinto.
Conclusões
A epistemologia tem muita utilidade no processo de pesquisa científica, pois nos confere uma
capacidade crítica especial vinculada não só ao desenvolvimento de uma metodologia concreta,
mas também a princípios fundacionais da pesquisa científica.
Por tradição, a epistemologia tem sido considerada uma disciplina filosófica que se encarrega,
entre outros aspectos, da análise e avaliação crítica dos produtos derivados da atividade cien-
tífica, sendo assim considerada uma teoria de segundo nível; uma vez que seu objeto de estudo
são as teorias científicas, que correspondem a um primeiro nível, pois estão referidas a um
certo domínio ontológico. No entanto, têm sido geradas novas visões e campos de aplicação
da epistemologia no campo das ciências sociais e humanas no desenvolvimento e produção
de conhecimentos, considerando entre os desenvolvimentos mais importantes os provenientes
do marxismo, da psicanálise e da psicologia genética, aos quais se somam os das teorias edu-
cativas e das teorias sociológicas, entre outras. Teorias estas que, por seu amplo poder expli-
cativo, têm conseguido incluir dentro de seu alcance o próprio conhecimento científico. Isso
explica a importância que a epistemologia tem para o pesquisador social no contexto da pes-
quisa científica e o que ela representa.
A epistemologia, como ciência do conhecimento, nos capacita e nos guia em nossos processos
de pesquisa. Através dela, podemos ser conduzidos à produção científica; somente dessa forma
é possível encontrar justificação ou validade para as respostas encontradas, possibilitando a com-
preensão de nossa ação disciplinar e desenvolvendo melhor nossas estruturas de pensamento.
O papel da epistemologia na produção científica é de grande transcendência e sua aplicação
deve ser consecutiva e permanente por parte da comunidade científica, o que nos afeta direta-
mente se queremos contribuir com novas realizações científicas tão necessárias no mundo atual.
Os processos de produção de conhecimentos remetem à consideração dos modelos epistê-
micos requeridos para a produção científica, que podem ser abordados a partir de uma cultura
científica. Nesse sentido, é relevante considerar a pertinência da formação dos pesquisadores,
a partir do desenvolvimento de saberes com caráter transdisciplinar, epistemológicos e expe-
rienciais, que lhes permitam a produção científica mediante a produção de conhecimento.
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